A Itália sinalizou ontem que não pretende assinar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, aumentando a pressão sobre a assinatura do tratado. Essa postura contrasta com a expectativa de aprovação final na reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, marcada para hoje, que culminará na assinatura oficial do acordo.
Posição da Itália e impacto na aprovação do acordo UE-Mercosul
Segundo declarações da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, a assinatura do tratado seria prematura neste momento, pois é preciso aguardar a conclusão do pacote de apoio ao setor agrícola, além de discutir possíveis concessões com os agricultores do país. Meloni afirmou: “Seria prematuro assinar o acordo nos próximos dias” (Fonte).
Repercussões internas e influência nas negociações
Com uma população que soma cerca de 60 milhões de habitantes, a Itália representa um dos principais países da UE e seu apoio é fundamental para a ratificação do tratado. Análises de especialistas indicam que, com a oposição italiana, o acordo corre risco de não obter a maioria necessária no Conselho Europeu, que exige o voto favorável de ao menos 15 de seus 27 membros, responsáveis por 65% da população do bloco (Fonte). A França também mantém sua resistência ao tratado, devido às preocupações do setor agrícola francês, um dos mais influentes do bloco.
Movimentos políticos e estratégias por trás da postura italiana
De acordo com informações obtidas pelo GLOBO junto a fontes da UE e do governo italiano, a postura de Roma pode estar alinhada a interesses políticos internos, visando obter benefícios adicionais do Orçamento europeu para o setor agrícola. Alguns diplomatas indicam que a Itália busca garantir recursos extra para compensar os impactos que o acordo pode trazer ao setor agrícola do país.
Reação de líderes brasileiros e o cenário atual
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu às declarações italianas e disse que, se a Europa não avançar agora, o acordo pode ficar para uma próxima gestão brasileira. “Se não fizerem agora, não farei mais acordo enquanto for presidente”, afirmou Lula durante uma reunião ministerial. “Faz 26 anos que estamos esperando por esse acordo, que é mais favorável ao bloco europeu”, completou (Fonte).
Previsões e possíveis desdobramentos
Especialistas avaliam que a pressão política e as restrições internas na UE podem dificultar a assinatura em curto prazo. Segundo o professor de Relações Internacionais da PUC-Rio, Carlos Frederico de Souza Coelho, “não há mais espaço para novas concessões aos europeus” e a postura de Itália e França pode impedir o avanço do acordo nesta semana (Fonte).
Apesar do cenário adverso, alguns analistas acreditam que as negociações podem ser concluídas ainda nesta semana, caso haja uma mudança de postura por parte dos países mais resistentes, embora a estratégia italiana possa estar conectada a interesses políticos internos e à obtenção de benefícios adicionais na política agrícola europeia.


