Há quase quatro décadas, um nome está marcado na história do futebol europeu. Em 1986, o goleiro Helmut Duckadam levou o modesto Steaua Bucareste, da Romênia, à glória eterna. A equipe enfrentou o Barcelona na final da Copa dos Campeões da Europa (antiga Champions) e venceu o torneio graças às quatro cobranças defendidas pelo goleiro na disputa de pênaltis — um feito inédito no futebol.
A trajetória de Helmut Duckadam
Nascido em Semlac, na Romênia, em abril de 1959, Duckadam começou a jogar futebol na infância, em times locais. Sua primeira equipe profissional foi o Constructorul Arad, um clube da terceira divisão romena, aos 18 anos. Depois, retornou ao UTA Arad, onde atuou na base, dedicando os quatro anos seguintes ao seu desenvolvimento como jogador. Ele até fez um gol emocionante com um forte chute de dentro da área que balançou as redes da equipe adversária.
O triunfo no Steaua Bucareste
Em 1982, após um rebaixamento, Duckadam decidiu mudar de ares e se juntou ao Steaua Bucareste, onde a verdadeira magia aconteceu. Nas duas primeiras temporadas, ele lutou pela titularidade, mas na temporada de 1984/85 já havia conquistado um espaço sólido na equipe. O Steaua não só se tornou bicampeão da primeira divisão nacional entre 1985 e 1986, como também venceu a Copa Romena em 1985, garantindo a vaga na Copa dos Campeões.
O caminho histórico para a final
Na jornada até a final, o Steaua Bucareste só sofreu cinco gols, superando equipes como o Vejle, o Honvéd Budapeste, o Kuusysi e, nas semifinais, o Anderlecht. A grande decisão ocorreu em jogo único no Estádio Ramón Sánchez Pizjuán, em Sevilha, onde mais de 70 mil torcedores assistiram à partida terminar sem gols, mesmo após a prorrogação — um feito inédito na história da Copa dos Campeões.
A disputa de pênaltis que marcou a história
Nos pênaltis, a estrela de Duckadam brilhou intensamente. Embora os companheiros Majearu e Bölöni tenham errado nas duas primeiras cobranças, isso não impediu a conquista histórica. Duckadam defendeu as tentativas de José Ramón Alexanko, Ángel Pedraza, Pichi Alonso e Marcos Alonso em sequência, atingindo um ápice de performance que garantiu a vitória ao Steaua Bucareste pela primeira — e única — vez no torneio continental. Com essa vitória, o clube se tornou o primeiro do leste europeu a alcançar tal feito.
Aglomeração de prêmios e desafios pós-carreira
Duckadam foi eleito o jogador romeno do ano e chegou a concorrer à Bola de Ouro, finalizando na oitava colocação. No entanto, sua carreira sofreu um duro golpe quando ele sofreu uma queda que resultou em um coágulo sanguíneo na mão direita. Embora tenha passado por uma cirurgia, ele não conseguiu retornar ao alto rendimento, encerrando a carreira de forma triste em times modestos de Arad.
Contribuições e legado na Romênia
Após se aposentar, Duckadam trabalhou na polícia de fronteira da Romênia em Arad e abriu uma escolinha de futebol com seu nome. Além disso, ele se aventurou na política, alcançando a vice-presidência do partido democrata-cristão Nova Geração em 2004. Em reconhecimento às suas contribuições, recebeu a Medalha de Mérito Esportivo do presidente romeno e foi nomeado cidadão honorário de Bucareste em 2017. Entre 2010 e 2020, também atuou como presidente honorário do Steaua.
Um ícone que partiu cedo
Duckadam faleceu em dezembro de 2024, aos 65 anos, vítima de um infarto. Após sua morte, foi postumamente consagrado Cavaleiro com a Ordem da Estrela da Romênia, um reconhecimento merecido por sua contribuição ao esporte e à história do futebol.
A sua trajetória, desde as dificuldades iniciais até os momentos de glória, serve como um exemplo inspirador de superação e talento no mundo do futebol, lembrando a todos nós que os verdadeiros campeões permanecem eternamente na memória dos torcedores.
