Brasil, 18 de dezembro de 2025
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Desafios e oportunidades da reciclagem no Brasil

Os especialistas em gestão de resíduos sólidos e reciclagem têm apontado para um desafio significativo no Brasil: a necessidade de uma maior participação e educação ambiental da população. A situação atual é alarmante, e iniciativas emergentes buscam mudar essa realidade, promovendo uma maior separação de materiais e identificação de pontos de coleta e triagem.

Contexto atual da reciclagem no Brasil

De acordo com o último levantamento da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), apenas 8,7% dos resíduos sólidos urbanos (RSU) produzidos no ano passado foram reciclados adequadamente. Um dado que chama a atenção é que 65% desse percentual provém de sistemas de coleta informal, como os catadores que ainda não estão associados ou formalizados. Esse panorama revela não só um grande desafio, mas também uma oportunidade significativa para a criação de um sistema mais eficiente, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico.

Referências internacionais em reciclagem

A Europa tem avançado nessa área há mais de uma década. Um exemplo é o sistema de máquinas coletoras de embalagens que incentivam os consumidores ao premiá-los por levarem materiais para pontos de coleta. Na Noruega, esse modelo de logística reversa alcançou uma taxa impressionante de mais de 95% de garrafas plásticas recicladas. Já na Alemanha, o sistema de caução conhecido como “Pfandautomat” funciona há 30 anos, exigindo que os produtores mantenham níveis altos de reuso das embalagens.

Iniciativas no Brasil

Uma iniciativa semelhante no Brasil, porém ainda em desenvolvimento, é o programa Retorna Machines, promovido pela Ambipar. Este projeto já conta com 800 máquinas instaladas em 134 cidades de 19 estados, oferecendo recompensas em Pix, descontos em transporte público, entre outras facilidades para atrair a participação da população.

Desde sua implementação até 2025, o Retorna Machines recebeu cerca de 50 milhões de embalagens, com 60% delas sendo de plástico e alumínio. Em comparação, o Brasil produziu cerca de 13 milhões de toneladas de embalagens em 2024, com apenas um milhão de toneladas sendo recicladas — uma taxa de aproveitamento que mostra a imensa margem para melhorias.

A importância do engajamento social

Felipe Nassar Cury, head de Pós-consumo da Ambipar, explica que o engajamento da população é fundamental para o sucesso do programa. “O maior valor do programa é conectar pessoas ao impacto positivo que podem gerar no dia a dia. Cada embalagem retornada resulta em menos pressão sobre recursos naturais e mais oportunidades para a cadeia de reciclagem”, comenta. O engajamento da população tem se mostrado superior ao previsto em várias das cidades onde o programa foi implementado, recebendo cerca de 500 mil usuários ativos, a maioria retornando embalagens com frequência.

Todo material recolhido nas máquinas é rastreado digitalmente e passa por unidades especializadas antes de ser devolvido à indústria, criando um ciclo que reúne tecnologia e inclusão social. “Esse ciclo reduz a pressão sobre recursos naturais, diminui emissões associadas à extração de matérias-primas e melhora os índices de recuperação de resíduos em municípios”, continua Cury.

Concluindo

A situação da reciclagem no Brasil reflete um cenário repleto de desafios, mas também de oportunidades. À medida que iniciativas como o Retorna Machines começam a ganhar espaço e a consciência ambiental da população cresce, há esperança de que os níveis de reciclagem no país aumentem significativamente. A implementação de sistemas eficazes é crucial para transformar este potencial em realidade, garantindo não apenas um meio ambiente mais saudável, mas também promovendo uma economia circular sustentável, onde o reaproveitamento de recursos se torna a norma.

Com o esforço conjunto da população e iniciativas inovadoras, o Brasil pode trilhar um caminho promissor em direção a uma cultura mais forte de reciclagem e sustentabilidade.

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