Os Correios estão há dois anos sob alerta máximo devido ao risco de prejuízo financeiro e dificuldades de sustentabilidade. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), revelou nesta quinta-feira (18) que será necessário promover uma reestruturação da estatal, incluindo parcerias com empresas públicas e privadas, para garantir sua sobrevivência no mercado.
Crise financeira e estratégias de reestruturação
Haddad afirmou que a Caixa Econômica Federal está interessada em desenvolver negócios em parceria com os Correios, abrangendo a oferta de serviços financeiros, como seguros e previdência, nos postos da estatal. Além disso, confirmou que o Tesouro Nacional deverá conceder na sexta-feira (19) um aval de R$ 12 bilhões para um empréstimo bancário, em meio ao forte rombo financeiro da companhia.
O órgão já advertiu que não apoiará empréstimos com juros superiores a 120% do CDI. Em 2023, os Correios tiveram prejuízo de R$ 633 milhões, que aumentou para R$ 2,6 bilhões em 2024. Além disso, entre janeiro e setembro de 2025, o déficit acumulado já é de R$ 6 bilhões, com possibilidade de encerrar o ano com um resultado negativo de até R$ 10 bilhões, segundo dados obtidos pelo Jornal Nacional.
Possíveis caminhos para a recuperação
Haddad reforçou que a atual direção dos Correios foi alertada há dois anos sobre os riscos de faltar dinheiro, alegando que o país precisa manter a universalização do serviço postal, mesmo que seja uma atividade que não se paga integralmente. “Nos países desenvolvidos, mesmo nos mais liberais, os serviços postais são estatais”, afirmou, destacando a importância da presença dos Correios em todos os municípios.
Questionado se os Correios podem se tornar uma empresa de economia mista, como a Petrobras, Haddad respondeu que as possibilidades estão abertas, incluindo a formação de parcerias com o setor privado ou outras empresas públicas. Ele destacou que a “capilaridade” dos Correios, presente em localidades remotas, atrai o interesse de instituições como a Caixa Econômica Federal.
Política de privatização e posição do governo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reiterou que, enquanto estiver no cargo, não haverá privatização dos Correios. Apesar da crise, Lula afirmou que a estatal pode operar sob um modelo de gestão de economia mista, com o controle do governo, mas ações negociadas em bolsa.
“Enquanto eu for presidente, não vai ter privatização. Pode haver parceria, economia mista, mas privatização não”, declarou Lula durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto. Ele atribui as dificuldades financeiras à gestão considerada equivocada pela própria administração da empresa.
O governo discute um plano de socorro, que pode envolver um aporte direto de recursos ou garantias de empréstimos bancários apoiados pelo Tesouro para evitar o colapso financeiro da estatal.
Perspectivas de futuro
Fernando Haddad enfatizou que o esforço de reestruturação passa por buscar parcerias estratégicas, inclusive com o setor privado, para manter a capilaridade dos Correios e ampliar sua atuação na oferta de serviços financeiros. A estratégia visa garantir a continuidade do serviço postal universal e a sustentabilidade financeira da estatal a longo prazo.
Mais detalhes sobre o processo de reestruturação devem ser definidos nas próximas semanas, com a possibilidade de novas alianças de negócios e mudanças na gestão da empresa.


