Na manhã desta quinta-feira (18), o corpo de Júlia Benette Rodrigues, de apenas 22 anos, foi velado e sepultado em uma cerimônia que reuniu amigos e familiares. A jovem foi assassinada a facadas na noite de terça-feira (16), no Complexo do Chapadão, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro. O crime, que tem provocado revolta e indignação na comunidade, foi supostamente cometido pelo ex-namorado da vítima, José Victor Leite Gustavo, que foi preso em flagrante durante a ação policial.
O crime brutal e suas consequências
De acordo com relatos de testemunhas e investigações preliminares, o assassinato ocorreu na residência onde Júlia morava com seu ex-parceiro há quatro meses. Tragicamente, uma das filhas de Júlia, uma menina de apenas 2 anos, estava no colo da mãe durante o ataque e acabou ferida. Durante o velório, a dor e o luto da família eram palpáveis, e a mãe de Júlia, Janaína Benette Rodrigues, expressou seu desejo por justiça: “Ela deixou duas filhas, uma que esse covarde feriu. É justiça que eu quero, é justiça”.
O testemunho de amigos e familiares
Os parentes de Júlia carregavam camisas com uma foto da jovem, acompanhada da mensagem de um pedido de justiça, revelando a fragilidade emocional que a família enfrenta após o trágico ocorrido. Victória Rodrigues, prima de Júlia, destacou o que pode ter acontecido durante a agressão: “Provavelmente quando ela virou de costas pra proteger a filha, levou as dez facadas”, afirmou.
De acordo com relatos da família, a personalidade de Júlia mudou significativamente desde que iniciou o relacionamento com José Victor. “Ela sempre foi uma pessoa muito extrovertida, sempre muito alegre. Aonde ela chegava, mudava o ambiente. Porém, há um tempo, notamos que ela estava muito quieta”, contou Victória, indicando que havia sinais de uma dinâmica abusiva em seu relacionamento.
Ciclo de violência e importância da denúncia
A família de Júlia revelou que Jair tinha um histórico de agressões. “Ela já não podia falar com familiares, chegou a quebrar o telefone dela para que não pudesse se comunicar conosco”, relatou Victória. “Ficava usando o telefone dele, adulterando as mensagens, dizendo que estava tudo bem. Todas as mulheres que passem por uma situação de violência, no primeiro sinal disque 180”, alertou, fazendo um apelo à prevenção de casos semelhantes.
Contexto do feminicídio no Brasil
O caso de Júlia é mais um exemplo alarmante do feminicídio no Brasil, uma realidade que afeta milhares de mulheres todos os anos. Em 2021, o Brasil registrou mais de 1.300 casos de feminicídio, segundo dados do Monitor da Violência. As estatísticas revelam uma tendência crescente de crimes violentos contra mulheres, que muitas vezes ocorrem dentro de seus próprios lares. O ciclo de violência se perpetua em uma sociedade que ainda luta para conscientizar sobre a importância de ações efetivas contra a violência de gênero.
A resposta da sociedade e das autoridades
Após a repercussão do caso, movimentos sociais têm se mobilizado para exigir ações efetivas das autoridades para coibir a violência contra as mulheres. O movimento feminista aponta para a necessidade de ações urgentes que envolvam tanto a polícia quanto o sistema judiciário, a fim de garantir mais segurança e justiça para as vítimas de violência de gênero. “Não podemos mais aceitar que vidas como a de Júlia sejam ceifadas por conta da violência masculina”, afirmou uma ativista durante uma manifestação em apoio à jovem.
Enquanto isso, o ex-namorado de Júlia, José Victor Leite Gustavo, permanece detido e à espera do desenrolar do processo judicial. A TV Globo tentou contato com sua defesa, mas até o momento não obteve resposta.
A tragédia que envolveu Júlia Benette Rodrigues ressalta a urgência de um debate mais profundo sobre a violência contra as mulheres no Brasil e a necessidade de uma sociedade mais vigilante e solidária. Em memória de Júlia, a esperança é que outras mulheres possam encontrar a coragem de denunciar e romper o ciclo da violência.


