No cenário político brasileiro, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), utilizou suas redes sociais para responder a críticas de aliados, em meio à aprovação do Projeto de Lei da Dosimetria, ocorrida na noite de quarta-feira (17/12). O projeto, que visa a redução das penas de condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, gerou divisões significativas dentro da base governista.
Reações a uma aprovação controversa
O clima tenso se intensificou quando a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou a condução da votação como um “erro lamentável”. Ela expressou que a forma como a liderança do governo lidou com a tramitação do projeto contrariou a orientação manifestada anteriormente pelo governo. Em resposta, Wagner lamentou o uso das redes sociais para discutir divergências internas, dizendo: “Lamentável é nos rendermos ao debate raso e superficial”.
O embate entre Gleisi e Wagner surgiu após o líder do governo admitir que realizou acordos para viabilizar a votação do texto da dosimetria na CCJ e no plenário, ignorando a postura contrária de Gleisi. O projeto foi aprovado no Senado por 48 votos a 25, com todos os senadores do PT votando contra.
“Eu não fiz nenhum acordo de mérito, eu continuo contra, acho um absurdo o projeto”, declarou Wagner após a aprovação, defendendo que seu esforço foi um acordo de procedimento e não de substância.
Implicações do PL da dosimetria
O Projeto de Lei da Dosimetria estabelece mudanças significativas na forma como as penas são calculadas para crimes contra a democracia. A proposta determina que, em casos de condenações múltiplas, a pena mais severa prevalecerá, e as penas podem ser reduzidas em até dois terços se os crimes forem cometidos em contextos de multidão, desde que o condenado não tenha sido um dos líderes ou financiadores dos atos.
Um dos principais pontos de controvérsia é que a dosimetria pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja pena, sob as novas regras, pode ser reduzida de uma condenação de 27 anos e 3 meses para cerca de 3 anos, dependendo das circunstâncias do crime.
Divisões na base governista
A aprovação do Projeto de Lei gerou descontentamento entre outros partidos aliados, como o MDB e o PSD, que criticaram os termos do acordo feito por Wagner. Na CCJ, houve até abstenções de parlamentares que, contrários ao projeto, optaram por se retirar da votação. Renan Calheiros (MDB-AL), ex-presidente do Senado, foi um dos que criticou duramente o acordo feito por Wagner, alegando tratar-se de uma “farsa”.
Gleisi Hoffmann, antes da votação, havia afirmado que não havia qualquer acordo em andamento sobre a dosimetria e que o governo se opunha à proposta. “Não há nenhuma negociação ou acordo no Senado envolvido com o projeto da redução de penas para golpistas condenados pelo STF. O governo é contra essa proposta e orienta sua base a votar contra”, comentou a ministra diante da imprensa.
Próximos passos após a aprovação
Após a votação, o projeto agora segue para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que anunciou que deve vetá-lo devido às implicações que pode trazer para a segurança jurídica da democracia no Brasil. O governo alega que a aprovação é um retrocesso e um desrespeito às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
O desdobramento desta situação provocou debates em várias esferas do governo e pode moldar as interações e negociações futuras entre os aliados, especialmente em um ano eleitoral que se aproxima.
Considerações finais
A tensão interna entre os líderes do governo e suas bases iluminam as complexidades políticas em torno da aprovação do PL da dosimetria. Na busca por alinhamento entre os partidos e a administração, fica claro que as divergências sobre temas sensíveis como a justiça e direitos dos condenados ainda serão alvos de intensos debates no Brasil.
Para acompanhar novas informações sobre o desdobramento desse e outros temas políticos, fique atento às atualizações e análises dos eventos que envolvem o cenário político nacional.


