As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios do século 21, especialmente para países em desenvolvimento como o Brasil, com menor capacidade de resposta. Experiências de cidades espanholas, principalmente Barcelona, oferecem lições valiosas para a adaptação urbana e a resiliência frente aos eventos extremos.
Barcelona como exemplo de soluções sustentáveis
Referência internacional em sustentabilidade urbana, Barcelona investiu nas últimas décadas em soluções baseadas na natureza para enfrentar inundações, reduzir o impacto das secas e melhorar o conforto térmico. Entre as ações, destacam-se os superblocos, que promovem espaços mais verdes, seguros e menos congestionados por veículos.
Outro destaque são os corredores ecológicos, telhados e paredes verdes, além de sistemas de drenagem urbana com pavimentos permeáveis. Essas infraestruturas contribuem para a infiltração da água das chuvas e para amenizar o calor nas áreas urbanas, estratégias que podem ser adaptadas para cidades brasileiras.
Refúgios climáticos: proteção contra temperaturas extremas
Barcelona criou refúgios climáticos — espaços acessíveis, abertos ou fechados, identificados por sinalização específica — onde a população pode se proteger de temperaturas elevadas e ondas de calor.
De acordo com dados oficiais, 90% da população da cidade está a menos de 10 minutos a pé de um desses espaços, que atendem principalmente grupos vulneráveis, como idosos e pessoas em situação de rua. Todavia, estudos apontam limitações, como infraestrutura inadequada e exclusão social, desafios que também se refletem no Brasil.
Desafios e limites do modelo espanhol
Apesar dos avanços, a experiência de cidades como Madrid e Sevilha revela dificuldades, como o excesso de áreas cimentadas que dificultam intervenções verdes. Em alguns casos, o uso de plantas artificiais também limita os benefícios ambientais.
Mesmo assim, a coordenação entre governos locais e sociedade civil tem sido fundamental para o sucesso das ações, modelo que pode ser adaptado às realidades brasileiras com estratégias de baixo custo e maior participação social.
O que o Brasil pode aprender
Embora as condições do Brasil sejam distintas, a experiência espanhola demonstra que é possível implementar políticas climáticas integradas, com financiamento público, ações de cidadania e soluções baseadas na natureza. Incorporar drenagem urbana sustentável e refúgios climáticos acessíveis pode gerar benefícios rápidos, desde que adaptados às especificidades locais.
A construção de cidades resilientes é essencial para a sobrevivência diante da crise climática. Quanto mais cedo iniciar essas ações, menores serão os custos humanos, ambientais e financeiros enfrentados no futuro.


