Os dados do World Inequality Report 2026, recente estudo divulgado, revelam um cenário preocupante sobre a desigualdade econômica no mundo. O relatório, que foi desenvolvido com a contribuição de mais de 200 pesquisadores, afirma que o 1% mais rico da população global detém mais riqueza do que os 90% mais pobres juntos. A situação se agrava ainda mais com o aumento do percentual da população vivendo em extrema pobreza, que passou de 10% para 10,3% em 2024 segundo o Banco Mundial.
A concentração de riqueza entre os ricos
Em um panorama global, as desigualdades econômicas se tornam cada vez mais acentuadas. O relatório destaca que a riqueza dos multimilionários cresceu em média 8% ao ano desde a década de 1990, quase o dobro do aumento da riqueza do restante da população. Isso resulta em uma situação em que o 0,001% mais rico — que representa menos de 60.000 multimilionários — possui três vezes mais riqueza do que toda a metade mais pobre da humanidade combinada. Essa concentração de riqueza é um indicativo claro do aumento das disparidades entre as diversas classes sociais.
Enquanto a América do Norte e a Oceania apresentam níveis médios de bem-estar econômico mais de três vezes superiores à média global, muitas regiões da África Subsaariana, do Sul da Ásia e da América Latina enfrentam uma realidade de extrema vulnerabilidade econômica. O relatório enfatiza que cerca de 1% do PIB mundial é transferido anualmente de países de baixa renda para países ricos, o que contribui para agravar ainda mais a situação das economias mais frágeis.
Desigualdade ambiental e suas consequências
A questão das emissões de carbono também é um reflexo das desigualdades sociais. O relatório aponta que a metade mais pobre da população mundial é responsável por apenas 3% das emissões de carbono associadas à propriedade de capital privado. Em contrapartida, os 10% mais ricos são responsáveis por impressionantes 77% das emissões. Isso comprometem não apenas a saúde do planeta, mas também reforçam as dificuldades enfrentadas pelas populações mais vulneráveis, que são as que mais sofrem com as consequências das mudanças climáticas.
Embora a tributação progressiva deva servir como um mecanismo de limitação da influência política da extrema riqueza, a realidade mostra que os bilionários pagam impostos proporcionalmente menores do que a maioria da população, o que mina a justiça fiscal e retira recursos essenciais para áreas como educação, saúde e ações climáticas.
Um quadro alarmante de desigualdade global
O relatório também destaca a “emergência global de desigualdade”, alertando que entre 2000 e 2024, o 1% mais rico detinha 41% de toda a nova riqueza gerada. As consequências disso são severas e tocam todos os aspectos da vida social. Na África, onde um terço dos jovens do mundo nascerá até 2050, quatro em cada cinco crianças não sabem ler e escrever. A falta de recursos para investimento em educação e infraestrutura, devido à concentração de riqueza, pode comprometer o futuro de uma geração inteira. Ao mesmo tempo, os mercados das áreas mais ricas estão se beneficiando, com novos recordes nos fundos de ações e forte investimento em tecnologia, como inteligência artificial.
Crescimento da pobreza extrema
O Banco Mundial também trouxe dados alarmantes. Em setembro de 2025, foi informado que 839 milhões de pessoas vivem em condições de pobreza extrema, uma taxa que aumentou de 10,0% para 10,3% em 2024. Essa revisão se deve, em grande parte, ao aumento da extrema pobreza na África Subsaariana, onde 46% da população ativa se encontra em situação crítica. Essa realidade é um chamado urgente para que se tomem medidas eficazes visando a redução das desigualdades e o enfrentamento da pobreza, que continuam a se expandir em várias partes do planeta.
A crescente desigualdade, acompanhada de um aumento simultâneo da pobreza extrema, requer ações decisivas por parte de governos e organizações internacionais. Este relatório serve como um chamado à ação para abordar as causas profundas da desigualdade econômica e garantir um futuro mais equitativo.


