Brasil, 18 de dezembro de 2025
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Prefeitura de SP decide fechar centro que acolhe 157 imigrantes e refugiados

O Centro de Acolhida Especial para Famílias (Caef) Ebenezer, inaugurado em 2022 e gerido pelo Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (Cami), passará por um fechamento unilateral ainda neste mês. Atualmente, o centro abriga 157 imigrantes e refugiados de diversas nacionalidades, incluindo crianças e idosos. A decisão foi anunciada pela Prefeitura de São Paulo e gerou intensos questionamentos e preocupações entre a equipe responsável pela gestão do local e a Defensoria Pública.

A decisão e suas consequências

A Prefeitura justificou o fechamento do Caef Ebenezer como parte de um “processo amplo de reordenamento da rede de acolhimento”. Entretanto, a ausência de informações claras sobre os motivos para essa mudança e os seus possíveis impactos preocupa a gestão do Cami e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que estão em busca de garantias sobre a continuidade do atendimento às famílias migrantes.

O Caef Ebenezer está localizado na Avenida Professor Edgar Santos, na Zona Leste de São Paulo, e tem se destacado por seu papel pioneiro no acolhimento de refugiados, especialmente os do Afeganistão. Desde sua abertura, o centro tem oferecido uma variedade de serviços essenciais, incluindo regularização migratória, encaminhamento para unidades de saúde, e oficinas de inclusão e formação profissional.

Impacto nas famílias acolhidas

Segundo Roque Renato Pattussi, diretor-executivo do Cami, a notícia do fechamento pegou a instituição de surpresa, e a principal preocupação gira em torno do destino das 157 pessoas atualmente acolhidas. Há relatos de que a prefeitura pretende transferir algumas dessas famílias para unidades chamadas Vilas Reencontro, criadas para abrigar pessoas em situação de rua, o que gera apreensão entre os imigrantes devido ao receio de viver em um ambiente potencialmente hostil.

“Temos 157 vidas que serão colocadas em Vilas Reencontro, que são para população em situação de rua. Esses imigrantes estão com receio e medo desse movimento, especialmente os que não falam o idioma. A possibilidade de sofrerem algum tipo de violência é uma preocupação constante”, disse Pattussi.

Preocupações com os direitos humanos

Entidades de defesa dos direitos humanos, como o Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública, manifestaram preocupação com essa transição. A Defensoria enfatiza que o fechamento do Caef Ebenezer deve ser feito de maneira transparente, assegurando que os direitos das famílias migrantes sejam respeitados e garantidos, como estipulado na Lei de Migrações.

Além disso, Pattussi alerta sobre os impactos do fechamento nas 31 pessoas que trabalham no centro e que devem ser demitidas até o final do mês. A equipe é composta por profissionais essenciais que garantem a assistência e o cuidado diário das famílias.

O que diz a prefeitura

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) reafirma que todos os atendidos no Caef continuarão a ser acolhidos, embora em uma nova estrutura, indicando que o processo de reordenamento é amplo e se destina a promover uma reintegração social. Contudo, o Cami contesta essa afirmação, considerando a situação inaceitável, principalmente com a aproximação das festas de fim de ano.

O futuro do Caef Ebenezer

O Caef Ebenezer representa um espaço de acolhimento único que foi criado para promover a reintegração social de famílias que fogem de conflitos armados e crises humanitárias. Assim, o fechamento do centro não é apenas uma perda de um espaço físico, mas uma erosão das redes de apoio que garantem a dignidade e segurança desses grupos vulneráveis.

Uma reunião com a secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social está agendada para a próxima sexta-feira (19), onde espera-se que mais esclarecimentos sobre o fechamento e o futuro das famílias acolhidas sejam apresentados. A situação continua em vigilância por entidades da sociedade civil, que permanecem firmes no compromisso de defender os direitos humanos e a dignidade das populações migrantes.

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