A Operação Unha e Carne, realizada pela Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (16), resultou na prisão do desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), Macário Judice Neto. Essa ação revela um esquema de nomeações cruzadas que envolvem o juiz e o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Rodrigo Bacellar, do União Brasil. As investigações apontam que Judice Neto teria colaborado em um esquema de vazamentos de informações e proteções ilícitas em troca de favores administrativos.
As investigações da operação
O foco da investigação mais recente inclui o vazamento de informações relacionadas à Operação Zargun, que resultou na prisão do deputado estadual TH Joias (MDB) por sua ligação com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. A PF identificou que Judice Neto estava envolvido no vazamento de dados que poderiam ter alertado o parlamentar sobre as ações da polícia. Bacellar, que foi preso uma semana antes da operação atual, também é acusado de alertar Joias sobre a operação, resultando em manobras para eliminar possíveis provas.
Comunicação suspeita entre os envolvidos
Durante a operação, o celular de Bacellar foi apreendido, onde investigadores descobriram mensagens trocadas entre ele e Judice Neto. Essas mensagens indicam que o desembargador estava presente com Bacellar em uma churrascaria no momento em que Joias tentava evitar que a PF encontrasse qualquer evidência de suas atividades ilegais.
Nomeações cruzadas e favorecimentos
As práticas de Judice Neto e Bacellar vão além de uma amizade. A relação entre os dois parece englobar um esquema complexo de nomeações cruzadas. Um exemplo claro é a indicação da esposa de Judice, Flávia Ferraço Lopes Judice, para um cargo na Diretoria-Geral da Alerj, um movimento que, segundo a PF, reforça a conivência entre os personagens principais dessa trama.
Além disso, Judice Neto nomeou Rodrigo Azevedo Tassari, um policial penal, como seu chefe de gabinete, e este já havia sido anteriormente nomeado por Bacellar para um cargo na Secretaria de Governo. Essa rede de nomeações ilustra a profundidade da corrupção e o uso de seus cargos para benefício pessoal.
Modalidade de operação e comparação com casos passados
A PF destaca que o esquema armado por Judice Neto segue um padrão já observado em suas ações anteriores, particularmente em sua passagem pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo. Nesse caso, ele foi acusado de vender sentenças em troca de favorabilidades de então presidente da Casa, José Carlos Gratz. Essa prática corrupta não só compromete a integridade judicial como coloca em xeque a confiança da população em instituições governamentais.
Na época em que atuava na Assembleia, Judice Ramos teve relações que levaram à nomeação de Ana Karla Kohls, que era apontada como amante do desembargador, para um cargo de relevância. Após a revelação do escândalo, a situação se complicou para todos os envolvidos, levando Gratz a ser preso e Judice Neto a ser afastado de suas funções, sendo efetivamente reintegrado apenas em 2022.
Consequências e próximos passos
As descobertas feitas pela PF abrem precedentes para a investigação em outras operações. Com o envolvimento de figuras públicas em possíveis esquemas de corrupção, o impacto sobre a política no Rio de Janeiro pode ser significativo. É de suma importância que as autoridades continuem a investigar não apenas este caso específico, mas também outros encontros e ações que possam evidenciar um padrão de corrupção em diversas esferas de governo.
Essa operação traz à tona discussões sobre a necessidade de um sistema judicial mais transparente e a urgência de uma reforma que barre práticas corruptas. É fundamental restaurar a confiança da população em suas instituições e garantir que a justiça seja feita de forma eficaz e imparcial.
Com os desdobramentos ainda em andamento, muitos aguardam ansiosos por mais esclarecimentos sobre a extensão das ligações entre os envolvidos e as implicações para o futuro da política no Brasil.


