A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, declarou nesta quarta-feira (17) que ainda é prematuro assinar o acordo entre União Europeia e Mercosul, devido a questões relacionadas às salvaguardas para proteger os agricultores italianos. Ela afirmou que algumas medidas solicitadas por Roma ainda não foram totalmente concluídas, o que impede uma assinatura imediata, apesar da confiança de que o entendimento será alcançado em 2026.
Demandas da Itália e o processo de negociações
Segundo Meloni, a Itália tem trabalhado intensamente com a Comissão Europeia para obter mecanismos de salvaguarda, um fundo de compensação e regras mais rigorosas sobre pragas e doenças agrícolas. “Todas as medidas, embora tenham sido apresentadas, não foram totalmente concluídas. Portanto, acreditamos que assinar o acordo nos próximos dias ainda é prematuro”, explicou em discurso no Parlamento europeu. Fonte.
Giorgia Meloni afirmou ainda que isso não significa que a Itália pretende bloquear ou rejeitar o acordo como um todo. “Estou muito confiante de que, no início do próximo ano, todas as condições serão atendidas”, completou.
Reações internacionais e posições em debate
Enquanto a Itália sinaliza cautela, o presidente francês Emmanuel Macron indicou que a França se oporá veementemente à assinatura do acordo, caso haja uma tentativa de imposição por parte das instituições europeias. Durante reunião de gabinete, Macron afirmou: “Se houver uma tentativa por parte das instituições de impor o acordo, a França se oporá veementemente”. Segundo a porta-voz do governo, Maud Bregeon, a posição da França reflete preocupações sobre impactos sobre o setor agrícola do país, especialmente diante da forte resistência dos produtores franceses.
O apoio ao acordo na UE é dividido: países como Alemanha, Espanha, Portugal, Irlanda e Grécia apoiam uma aprovação rápida, enquanto Hungria e Polônia resistem ao tratado. A Itália, por sua vez, ocupa uma posição de delicada balança, dado que é o terceiro país mais populoso do bloco e suas decisões podem influenciar a aprovação final.
Credibilidade e próximos passos
Antes da reunião do Conselho Europeu em Bruxelas, na quinta e sexta-feira, a Itália reforçou sua posição de que trabalha para atender às demandas. Meloni também destacou que sua postura não impede uma futura assinatura do acordo, que visa criar a maior zona de livre comércio do mundo, beneficiando tanto a Europa quanto o Mercosul. Fonte.
A assinatura do tratado está prevista para a próxima sábado, durante a cúpula de Chefes de Estado do Mercosul em Foz do Iguaçu, no Paraná. O pacto permitiria ampliar as exportações agrícolas da América do Sul e fortalecer o mercado europeu, além de criar condições para reduzir a dependência dos Estados Unidos na região.


