Na manhã desta quarta-feira, o futebol equatoriano recebeu a trágica notícia do assassinato de Mario Pineida, lateral-esquerdo do Barcelona de Guayaquil, e sua esposa, em um ataque premeditado na cidade de Guayaquil, no Equador. Pineida, de 33 anos, se tornou a quarta vítima entre atletas profissionais no país este ano, levantando novamente as preocupações sobre a segurança no esporte e a influência do crime organizado.
Os detalhes do crime
Segundo informações da imprensa local, o jogador e sua esposa foram alvejados por pistoleiros enquanto estavam nas proximidades de um açougue. Os corpos foram encontrados nas ruas do bairro, com Pineida em frente ao estabelecimento e sua esposa na rua ao lado. A violência assustadora refletiu não apenas a tragédia pessoal, mas também a crescente onda de criminalidade que tem assolado o Equador.
Reação do clube e críticas ao sistema
O Barcelona de Guayaquil expressou seus sentimentos através de um comunicado oficial: “Esta triste notícia entristeceu profundamente todos nós que fazemos parte da instituição e nos entristece como família do Barcelona.” O presidente do clube, Antonio Álvarez, tinha revelado em uma carta pública horas antes que um jogador havia solicitado proteção especial após receber ameaças de morte. No entanto, não foi especificado quem seria o jogador.
A situação não é isolada. Nesta manhã, jogadores do Barcelona decidiram não treinar em protesto contra os salários atrasados, alegando que o clube devia quatro meses de pagamento. A combinação de questões financeiras com a violência crescentes cria um ambiente desfavorável para os atletas e para o futebol equatoriano em geral.
Um histórico de tragédias no futebol equatoriano
A morte de Mario Pineida não é um evento isolado. Em 2025, outros três jogadores profissionais também foram assassinados, destacando uma crescente tendência de violência vinculada ao crime organizado que se infiltra no esporte. Em setembro, Jonathan González, de 31 anos, foi morto em Esmeraldas, após recusar-se a manipular uma partida sob pressão de máfias locais. Outros dois jogadores, Maicol Valencia e Leandro Yépez, também foram assassinados no mesmo mês, complicando ainda mais a situação da segurança para os atletas.
O impacto das apostas e a falta de proteção
Um relatório da ONU aponta que o crime organizado no Equador tem se infiltrado no futebol, utilizando-o como um meio para lavagem de dinheiro e para movimentar lucros de apostas ilícitas, que totalizam anualmente montantes impressionantes. A manipulação de partidas tem sido uma questão crítica, com relatos de tentativas de extorsão e ameaças a jogadores, especialmente em clubes de menor investimento.
A insegurança e a falta de apoio institucional aos jogadores estão se tornando uma preocupação crescente entre torcedores e autoridades, suscitando a necessidade de intervenções mais eficazes e monitoramento do ambiente em que os atletas atuam.
Homenagens e legado de Pineida
A carreira de Mario Pineida no futebol se destacou antes de sua trágica morte. Com passagens por clubes como CD El Nacional e Independiente del Valle, ele teve um total de 409 jogos, com sete gols e 17 assistências. Além disso, teve uma breve passagem pelo Fluminense em 2022, onde ajudou a conquistar o Campeonato Carioca.
O Fluminense também prestou homenagens ao jogador através de suas redes sociais, lamentando o falecimento de um atleta que fez parte da história do clube. “O Fluminense Football Club recebeu com profundo pesar a notícia do falecimento de Mario Pineida, atleta que defendeu o clube em 2022”, destacou o clube em sua comunicação.
Com um estilo de jogo intenso e um temperamento explosivo, o jogador ganhou o apelido de “O Pitbull” e fez parte da seleção equatoriana em várias ocasiões, representando seu país nas competições internacionais.
A morte de Mario Pineida e a situação atual do futebol equatoriano exigem uma reflexão sobre a segurança dos atletas e a intervenção de organizações e autoridades para combater o que parece ser uma onda de violência ligada ao crime organizado dentro do esporte. Sem dúvidas, é um momento de luto, não apenas pela perda de uma vida, mas também pela segurança das futuras gerações de atletas.


