O advogado Frederick Wassef, conhecido por sua defesa à família do presidente Jair Bolsonaro, foi condenado nesta quarta-feira (17) a 1 ano e 9 meses de prisão, em regime aberto, pelo crime de injúria racial. A sentença foi proferida pelo juiz Omar Dantas Lima, em um caso que ganhou notoriedade após ser denunciado pelo Ministério Público. Wassef foi acusado de chamar uma funcionária de uma pizzaria em Brasília de “macaca”, após expressar insatisfação com o pedido feito.
Contexto do incidente e repercussão
O incidente ocorreu em 8 de novembro de 2020, em uma pizzaria de um bairro nobre de Brasília. A atendente Danielle da Cruz de Oliveira, que na época tinha apenas 18 anos, relatou à polícia que Wassef proferiu ofensas raciais quando ficou insatisfeito com a qualidade da pizza, dizendo: “Você é uma macaca! Você come o que te derem.”
Após uma investigação, a Polícia Civil do Distrito Federal concluiu que o advogado cometeu crimes de injúria racial e racismo, levando à denúncia formal em fevereiro de 2022. A decisão do juiz d. Lima destaca que “o conjunto probatório confirmou que o réu desqualificou a atendente em razão da cor de sua pele”.
Decisão judicial e penalidades
Conforme estabelecido na sentença, Wassef também foi condenado a pagar R$ 6 mil em danos morais à vítima. O juiz destacou que o termo utilizado por Wassef não apenas ofendeu a dignidade de Danielle, mas carregou um profundo sentimento de aviltamento e desprezo. “A expressão ‘macaca’ — tão bem retratada na prova oral — carrega intenso desprezo e escárnio”, afirmou o magistrado.
Apesar da condenação, Frederick Wassef mantém que não cometeu ofensas e que a funcionária estaria mentindo. Ele declarou ser vítima de “denunciação caluniosa”, afirmando que haveria uma intenção de obter ganhos financeiros por meio da fraude arquitetada. Essa alegação, no entanto, não convenceu a Justiça.
Testemunhos e comportamento do advogado
Depoimentos de outras pessoas que trabalham na pizzaria corroboraram as acusações contra Wassef. Funcionários relataram que ele tinha um padrão de comportamento arrogante e desrespeitoso com a equipe. O gerente da pizzaria relatou que Wassef, que era um cliente assíduo, frequentemente reclamava do atendimento e da qualidade dos pratos de forma deselegante, utilizando “palavras de baixo calão”.
Uma outra funcionária também relembrou um episódio que ocorreu em outubro, em que Wassef jogou uma caixa de pizza no chão, ordenando que ela a pegasse. A atendente, segundo sua própria declaração, se sentiu “muito humilhada” pela atitude do advogado.
Impactos e reflexões
A condenação de Frederick Wassef levanta importantes questões sobre o racismo e a injúria racial no Brasil. O caso não apenas chama atenção para a necessidade de punições rigorosas em casos de discriminação, mas também reforça a relevância das políticas públicas de combate ao racismo. É crucial que a sociedade esteja alerta e faça esforços conscientes para combater esses comportamentos e construir um ambiente mais respeitoso e igualitário.
A decisão judicial reafirma a importância do respeito à dignidade humana e a responsabilidade de todos na construção de um ambiente livres de preconceitos. Enquanto a condenação de Wassef gera discussões sobre racismo, o caso também ecoa a necessidade de se reavaliar a postura de figuras públicas e a forma como elas se comportam, especialmente em relação a grupos marginalizados.




