Nesta semana, o deputado Zucco (PL-RS) deixou a liderança da oposição na Câmara dos Deputados e aproveitou a oportunidade para criticar a gestão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Em uma entrevista realizada no dia 17 de dezembro, Zucco afirmou que Motta perdeu a sustentação política em todos os espectros do Congresso, enfrentando um cenário de isolamento interno, que não se restringe apenas à oposição, mas afeta também partidos de centro e esquerda.
Críticas à condução política de Motta
Zucco declarou que “hoje ele está queimado com a esquerda, com o centro e com a direita”, ressaltando que, normalmente, um presidente da Câmara pode ter afinidades políticas com um dos grupos, mas a atual gestão falha em atender a todos. “Nem o Centrão está com ele”, destacou.
Em sua análise sobre o tempo em que esteve à frente da oposição, Zucco criticou a maneira como Motta lidou com compromissos e acordos. Segundo ele, a condução de Motta foi marcada pelo descumprimento desses compromissos, levando a um desgaste significativo da confiança que havia sido construída. “Ele não foi um bom presidente para a Câmara. A Câmara saiu menor, muito em função também da sua gestão”, afirmou.
O desgaste da confiança
A incapacidade de Motta em manter a palavra dada a líderes partidários, segundo Zucco, colocou em xeque a possibilidade de apoio à sua reeleição. O ex-líder da oposição mencionou que a oposição se encontra “descontente” com a atuação do atual presidente da Câmara, o que levanta dúvidas sobre seu futuro no cargo.
Um dos principais pontos de conflito foi a condução do projeto de anistia relacionado aos atos de 8 de Janeiro. Zucco argumentou que o compromisso firmado não englobava a aprovação da proposta, mas a sua inclusão na pauta do plenário. “A gente nunca pediu aprovação, a gente pediu que fosse ao plenário”, disse, enfatizando que o compromisso não foi cumprido. “Ele pediu assinatura dos líderes, a gente deu. Ele pediu assinatura individual, a gente deu”, completou.
A possibilidade de reeleição de Motta
Quando questionado sobre uma possível negociação para o apoio da oposição a uma eventual reeleição de Motta, Zucco afirmou que essa possibilidade existe, mas desde que haja contrapartidas. “Tem que haver pauta e a gente conversa. Não conversa e [depois] pauta. Então, pauta primeiro, para depois conversar”, disse, reiterando que o apoio não seria automático e dependia de compromissos concretos.
Futuro incerto para a presidência da Casa
O ex-líder da oposição destacou que, devido ao acúmulo de desgastes, a recondução de Motta ao comando da Câmara é incerta, assim como a continuidade de seu mandato até 2026. Ele expressou preocupação com a possibilidade de o cenário político se tornar insustentável para Motta no próximo ano. “Talvez no ano que vem a situação dele fique insustentável, eu não sei como é que ele vai conduzir esse processo”, alertou.
Num tom reflexivo, Zucco comentou que a tentativa de agradar diferentes grupos políticos acabou isolando o presidente. “Quem quer contentar todo mundo não contenta ninguém”, disse. Apesar das críticas, o deputado ressaltou que a política é dinâmica e que decisões futuras dependerão das pautas concretas que forem apresentadas. “Não dá condição, só dá condição se tu for cumprir a palavra”, finalizou.
Assim, a situação atual do presidente da Câmara é tensional e cheia de incertezas, refletindo um clima de descontentamento que pode impactar a dinâmica política do governo nos próximos meses.


