A crise humanitária na República Democrática do Congo (RDC) se agrava a cada dia, refletindo a difícil situação enfrentada por aqueles que buscam abrigo e segurança. Recentemente, o bispo de Uvira, dom Sébastien Joseph Muyengo Mulombe, fez um apelo urgente à mídia do Vaticano, destacando a evacuação de milhares de pessoas em decorrência da violência promovida pelos rebeldes do grupo M23. Com a retirada do M23 de Uvira, a população ainda vive sob a sombra da desconfiança e do medo enquanto busca reconstruir suas vidas.
A situação alarmante dos refugiados
Com a escalada dos conflitos em Kivu do Sul, mais de 85 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas e buscar abrigo no Burundi. A crise se instaurou após uma nova ofensiva do M23, que, apoiado, segundo denúncias da ONU, pelo governo de Ruanda, tem causado um deslocamento alarmante de pessoas, incluindo 100 mil crianças. Dom Muyengo relata que os refugiados enfrentam condições desumanas, dormindo em campos improvisados, estádios e sob a chuva, sem acesso a alimentos, medicamentos e abrigo.
Ação internacional e o acordo de paz
Na última sexta-feira, o embaixador americano na ONU, Mike Waltz, denunciou o significativo envolvimento militar de Ruanda na RDC. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, qualificou as ações como uma violação clara dos acordos de paz assinados em Washington no início de dezembro. Apesar da promessa de retirada do M23, a situação permanece tensa, com relatos de milicianos ainda controlando pontos estratégicos na cidade de Uvira.
Desconfiança e incerteza no terreno
Dom Muyengo observa que, embora haja uma redução na violência em Uvira, a população continua cautelosa. A instabilidade na região, marcada por experiências traumáticas e por novas ofensivas do M23 em áreas como Bukavu e Goma, reforça essa desconfiança. O bispo questiona se a decisão do M23 de retirar suas tropas se limita a Uvira, pois o grupo continua avançando em outras áreas, como Fizi e Kalemie.
Crise humanitária: um chamado à ação
Com mais de 4,6 milhões de deslocados internos apenas nas províncias de Kivu do Norte e do Sul, a urgência da crise humanitária é imensa. Dom Muyengo e a Igreja local estão se mobilizando para apresentar projetos de emergência a parceiros internacionais, mas enquanto isso, o sofrimento da população persistem. O bispo faz um apelo à comunidade internacional para que não só reconheça a gravidade da situação, mas que também tome ações imediatas para ajudar as famílias vulneráveis.
Recentemente, o Papa Leão XIV expressou sua “viva preocupação” com os conflitos no Congo durante o Angelus. Ele pediu um diálogo construtivo entre as partes em conflito, reafirmando seu apoio à busca por paz e reconhecimento das vozes dos bispos da Conferência Episcopal Nacional do Congo, que clamam por um diálogo inclusivo entre as facções em disputa.
Dom Muyengo ainda alerta para o risco de que a busca por soluções temporárias não resolva o problema fundamental da exploração dos recursos da RDC, que alimenta conflitos e sofrimento. Ele destaca que o compromisso com um diálogo genuíno será crucial para evitar a “venda” do país e proteger os seus habitantes dos que desejam explorar suas riquezas, perpetuando um ciclo de opressão.
Conclusão: um futuro incerto
A crise humanitária na República Democrática do Congo é um reflexo de um histórico de conflitos e disputa por recursos. A retirada do M23 de Uvira pode ser vista como um passo positivo, mas estão em jogo questões complexas sobre a verdadeira pacificação da região. O apelo ao diálogo inclusivo é mais importante do que nunca, e a comunidade internacional deve se mobilizar para acabar com a violência e ajudar os milhares de refugiados a reconstruírem suas vidas em segurança e dignidade.
Para mais informações sobre a situação na República Democrática do Congo, acesse: Vatican News.


