A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira (16/12), reforçou que a taxa básica de juros, a Selic, pode continuar em níveis elevados por um “período bastante prolongado”. A decisão de manter a taxa em 15% ao ano ocorreu na última quarta-feira (10/12), com um comunicado que adotou tom firme e sem anunciar quando haverá redução.
Entenda a situação dos juros no Brasil
- A taxa Selic é o principal instrumento para o controle da inflação.
- Responsáveis por definir a Selic, os integrantes do Copom avaliam se o momento é de redução, manutenção ou elevação da taxa.
- O aumento dos juros tende a frear o consumo e os investimentos, desacelerando a atividade econômica e reduzindo a inflação.
- Recentemente, o mercado desacredita na possibilidade de a Selic ficar abaixo de 10% durante o governo Lula e sob a gestão de Roberto Galípolo no BC.
Pontos de atenção na ata do Copom
A diferença entre a ata e o comunicado oficial é que o documento oferece uma análise mais detalhada do cenário atual, com explicações sobre os fatores que influenciam a decisão do colegiado. Segundo o texto, a possibilidade de redução da Selic depende da inflação chegar ao centro da meta de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (entre 1,5% e 4,5%).
Atualmente, a inflação acumulada em 12 meses até novembro é de 4,46%, praticamente no limite superior do intervalo aceitável, segundo dados do IBGE. A inflação de serviços, que tem sido uma decepção, também é apontada como fator que impede a redução dos juros, devido ao mercado de trabalho ainda dinâmico e à atividade econômica moderada.
Política fiscal e estímulo ao crédito
O documento destaca preocupações com o uso de recursos públicos, especialmente quanto ao controle dos gastos do governo, que podem estimular a demanda agregada e pressionar os preços. O crescimento acelerado na tomada de créditos, por exemplo, é apontado como fator de risco inflacionário, com iniciativas como o programa Crédito do Trabalhador ampliando as possibilidades de empréstimos para trabalhadores e microempreendedores.
Perspectivas para a inflação de serviços e energia
O Copom sinaliza que indicadores adversos, principalmente na inflação de serviços, impedem uma trajetória de queda dos juros. A inflação nesse setor é considerada resistente e relacionada ao mercado de trabalho, que mantém uma demanda intensa. Além disso, o comitê cita o aumento de custos de energia elétrica, com possibilidade de aplicação da bandeira tarifária “amarela” em dezembro e em 2026, elevando os custos para consumidores e empresas.
Estimativas de crescimento econômico
O Boletim Focus do Banco Central prevê que o PIB do Brasil deve crescer 2,25% em 2025, enquanto o Ministério da Fazenda estima 2,2%, e o próprio BC espera 2%. Para 2024, o dado oficial indica avanço de 3,4%, divulgado pelo IBGE.
O colegiado reafirma que a política monetária continuará sendo cautelosa, aguardando sinais concretos de que a inflação está dentro da meta antes de considerar a redução da taxa de juros. A manutenção em patamar elevado visa garantir a estabilidade de preços a longo prazo.
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