Durante o encerramento do Jubileu da esperança, um grupo de 13 presos de Valencia, na Espanha, realizou uma viagem especial a Roma, Portugal, onde vivenciaram momentos emocionantes e espirituais ao participar de eventos com o Papa Leo XIV. A iniciativa destaca o poder da esperança na ressocialização e na valorização da dignidade dos presos.
Viagem inspiradora para presos de diferentes regimes
O diretor da ministry de prisões em Valencia, Víctor Aguado, explicou que a viagem foi possível graças a permissões especiais, apesar de toda a burocracia envolvida. Os presos, muitos com mais de 12 anos de encarceramento, puderam experimentar uma nova esperança ao visitar a cidade eterna, onde participaram da missa dominical com o Papa na época.
A seleção foi feita com base nas atitudes e na fé demonstrada pelos presos, que estavam em regimes de semi-liberdade e participaram de atividades que fortalecem sua reintegração social. Segundo Aguado, “eles desejavam se preparar, participar com paz e retornar renovados, cientes de que uma nova rota de vida os aguarda.”
Momentos emocionantes e transformação espiritual
Durante a visita, os presos passaram pela Porta Santa, um momento considerado um dos mais emocionantes do jubileu. Aguado ressaltou que, ao atravessar a porta, sentiram que assumiam uma nova responsabilidade, um compromisso de fazer o melhor, refletindo uma mudança de vida e uma esperança renovada.
O contato com o Papa Leo XIV foi outro ponto alto, pois, para esses homens e mulheres, ele simboliza a presença de Deus na terra. “Ver o Papa foi uma experiência de profunda alegria e esperança”, destacou Aguado. Mesmo com a missa em italiano, a cerimônia foi percebida como acessível e tocante.
Esperança que transcende paredes
Segundo Aguado, o resultado do evento reforça que “a esperança ultrapassa barreiras, destrói paredes e devolve dignidade às pessoas”. Durante os três dias em Roma, os presos demonstraram paz e alegria, sentimentos que reforçam a importância de reconhecer que todos têm potencial de mudança.
Para o especialista em prisões, esse momento simboliza a necessidade de a sociedade repensar sua postura em relação aos condenados. “Sabemos que o Senhor perdoa tudo, e devemos acolher aqueles que cumprem suas penas, sem estigmatizá-los, respeitando sua dignidade e esperança de recomeçar.”
O papel da Igreja na ressocialização
O padre italiano Raffaele Grimaldi, responsável por coordenar os quase 62 mil detentos na Itália, também destacou a importância do evento. Segundo ele, o jubileu trouxe à tona as dificuldades enfrentadas nos cárceres, como superlotação e falta de recursos, mas também renovou o compromisso da Igreja de levar esperança e misericórdia.
Grimaldi contou que levou alguns presos italianos a encontramos com o Papa, especialmente jovens e um condenado à prisão perpétua. “Momentos como esses são de extrema alegria e esperança para eles”, afirmou. Ele ressaltou que ações de misericórdia, como visitar e acolher, são essenciais para a recuperação moral e espiritual dos presos, que muitas vezes vivem uma jornada de esperança interior.
Para o sacerdote, a experiência reforça que, embora tenham cometido erros, esses indivíduos continuam a ter valor e potencial de transformação. “Ao oferecer oportunidades de esperança, evitamos a morte interna e ajudamos na ressocialização, promovendo justiça com misericórdia e renovação.”
Essa iniciativa evidencia que muitas vidas ainda precisam ser resgatadas e que o amor e a misericórdia da Igreja podem ser instrumentos de mudança e reconciliação.
Esta reportagem foi originalmente publicada pela ACI Prensa, parceira em notícias em língua espanhola, e adaptada para CNA.
