Em uma contundente reunião do Conselho de Participação Social, realizada na última terça-feira (16) no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o combate à violência contra a mulher será uma das prioridades de sua administração. Para ele, essa discussão não deve ser apenas uma responsabilidade das mulheres, mas também um dever que os homens precisam assumir.
Uma nova postura é necessária
Durante sua fala, Lula reforçou que sua intenção é estar na linha de frente nessa batalha, ao lado de homens e mulheres comprometidos com um Brasil mais justo e respeitoso em relação às questões de gênero. “Isso agora faz parte da minha agenda. Eu quero estar na linha de frente com homens e mulheres que querem que esse país seja um país decente, digno e respeitoso com a questão de gênero”, afirmou o presidente.
O presidente destacou que o problema da violência contra a mulher e do feminicídio exige uma mudança significativa de postura por parte dos homens. Além disso, defendeu a importância de campanhas educativas que devem ser implementadas, especialmente nas escolas. “É um processo educacional que tem que ser levado para a escola. Estar dentro do ensino fundamental. O menino não pode achar que é melhor do que a menina”, disse Lula.
Papel do Judiciário e do Legislativo
Além das iniciativas no campo educacional, Lula convocou os representantes do Judiciário e do Legislativo a se unirem na luta para mudar esse cenário preocupante. Ele refletiu sobre a necessidade de uma autoavaliação masculina em relação ao machismo: “Onde é que a gente vai parar? Então nós, homens, costumamos ficar no conforto do nosso machismo e dizer, bom, a luta é da mulher”. Essas declarações foram feitas na presença de membros de 68 entidades que compõem o conselho, que foi instituído em 2023.
Contexto da violência e desigualdade
O conselho é uma plataforma importante para ouvir as vozes da sociedade civil e assessorar o presidente no diálogo com movimentos sociais e organizações. Sonia Maria Coelho Gomes Orellana, uma das integrantes do conselho, apontou que a violência contra as mulheres está profundamente enraizada nas desigualdades de gênero e raça presentes na sociedade. “O Brasil está entre os países mais violentos do mundo para as mulheres, especialmente as mulheres negras e de sexualidade divergente”, disse.
Outro membro do conselho, Ivonete Carvalho, representante da Coordenação de Entidades Negras, ressaltou a urgência de proteger comunidades tradicionais, clamando por iniciativas que promovam mais inclusão e combate ao racismo. “Nós somos iguais na inclusão social e nos direitos, mas nós temos a nossa diversidade”, enfatizou Ivonete.
Acordo Mercosul-União Europeia
No mesmo evento, Lula também abordou a expectativa em relação à assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia, prevista para ocorrer na cúpula de chefes de Estado no próximo dia 20 em Foz do Iguaçu, Paraná. O encontro contará com a participação da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
“É um acordo que, se der certo, envolve um PIB de 22 trilhões de dólares e uma população de 722 milhões de habitantes”, destacou o presidente.
Lula expressou confiança de que tanto o Mercosul quanto a União Europeia estão dispostos a firmar o acordo, apesar da resistência observada na França, onde produtores rurais estão preocupados com a possibilidade de perder mercado devido à concorrência brasileira. “São qualidades diferentes e nós estamos cedendo mais do que eles. E eu espero que o meu amigo [Emmanuel] Macron e a primeira-ministra [Giorgia] Meloni, da Itália, assumam a responsabilidade”, concluiu Lula, na expectativa de que boas notícias sobre a assinatura do acordo surjam em breve.



