A crescente onda de ameaças e atos de violência política nos Estados Unidos tem gerado alarmes entre os legisladores e autoridades de segurança. Segundo uma avaliação feita pela Polícia do Capitólio em fevereiro de 2024, os relatos de ameaças contra congressistas, suas famílias e funcionários aumentaram pela segunda vez consecutiva, passando de aproximadamente 8.000 registros em 2023 para quase 9.500 no último ano. Este aumento acentuado reflete um cenário crescente de tensão política e polarização no país.
Aumento das Ameaças Durante Mandatos Presidenciais
Um estudo conduzido pelo Chicago Project on Security and Threats (CPOST) revelou que as acusações criminais e ataques contra membros do Congresso aumentaram mais de 600% durante o mandato do ex-presidente Donald Trump em comparação ao segundo mandato do presidente Barack Obama. Durante os anos de Trump, foram registradas 148 denúncias de ameaças, enquanto durante Obama contabilizou-se apenas 21. Interestingly, o número de ameaças registradas durante os quatro anos do governo de Joe Biden se manteve relativamente estável, com 140 pessoas acusadas de ameaças.
A Polarização dos Alvos das Ameaças
Historicamente, a maioria dos legisladores ameaçados entre 2000 e 2012 eram democratas. No entanto, a pesquisa mostra que, de 2013 até o final do ano passado, o número de ameaças tem se distribuído de forma quase equitativa entre democratas e republicanos. O professor Robert Pape, autor do estudo, afirmou à NBC News que estamos vivendo em “uma nova era de violência política”, citando tentativas de assassinato e ataques a figuras políticas de diferentes espectros.
A Retórica Extrema e Seu Impacto
Uma pesquisa realizada pela NBC News indica que os americanos estão cada vez mais percebendo a retórica agressiva como um fator contribuinte para episódios de violência política, em vez de atribuir esses atos apenas a criminosos isolados. Por exemplo, 61% dos entrevistados consideraram a retórica política extrema um fator significativo no assassinato de Charlie Kirk, enquanto apenas 24% atribuíram a violência ao discurso no caso do ataque à ex-representante Gabby Giffords, em 2011. A retórica provocativa empregada por figuras como Trump tem sido vista como um catalisador de violência.
Reações a Ameaças e Violência
Ainda não se identificaram claramente as fontes dessa nova onda de ameaças, mas muitos alvos de Trump alegam que suas investidas verbais contra democratas e até mesmo republicanos provocaram esse aumento. Abigail Jackson, porta-voz da Casa Branca, reiterou que o presidente não incentivou a violência e expressou preocupação com a situação.
A Tensão Dentro do Partido Republicano
Recentemente, Trump também chamou deputados e senadores republicanos de “traidores” por não apoiarem seus projetos, provocando uma onda de ameaças contra eles. Estima-se que vários legisladores na Indiana, por exemplo, enfrentaram ameaças vetadas e tentativas de intimidação após a aprovação de uma proposta de redistritamento que beneficiaria os republicanos.
Robert Pape destacou que o tipo de linguagem utilizada por Trump provavelmente contribui para o aumento da violência. A natureza popular de Trump e suas contínuas caracterizações desumanizadoras de opositores são vistas como riscos significativos em um clima político já carregado.
Conclusão
O aumento das ameaças contra parlamentares é um reflexo de um clima político turbulento, onde a polarização e a retórica extremista se entrelaçam com a violência. É fundamental que haja um debate amplo sobre medidas para proteger legisladores e promover um ambiente político mais seguro e saudável para todos os cidadãos. À medida que a contagem de ameaças continua a aumentar, as consequências da violência política estão se tornando mais evidentes e urgentes. O desafio atual é encontrar maneiras de reduzir essa violência antes que ela se torne ainda mais generalizada.


