No último domingo (14), a orla da Barra, um dos bairros mais emblemáticos de Salvador, foi o palco de um grande protesto contra a “PL da Dosimetria”. A proposta de lei, que busca reduzir o tempo de prisão para condenados por tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023, gerou uma mobilização intensa de manifestantes que se reuniram para mostrar seu descontentamento.
Manifestação contra a PL da Dosimetria
Os manifestantes, que se organizaram pelo Coletivo Rebeldia, o Movimento Mulheres em Luta, o Movimento Aquilombar e a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Bahia, partiram do Morro do Cristo por volta das 10h, seguindo em direção ao Farol da Barra. Com cartazes que ressaltavam frases como “Pena de prisão não é remédio para ter dosimetria! Pena máxima para golpistas” e “Sem anistia”, os participantes reclamaram não apenas da proposta de redução de penas, mas também de qualquer forma de anistia aos investigados, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Esse protesto se inseriu em uma convocação nacional de movimentos sociais que ocorreram simultaneamente em várias capitais do Brasil, evidenciando uma unidade em questões de justiça e direitos civis.
Pautas em defesa dos direitos humanos
Além dos protestos contrários ao PL da Dosimetria, outras pautas também foram levantadas. O movimento abordou questões relacionadas ao marco temporal e à demarcação de terras indígenas, mostrando a diversidade de preocupações entre os grupos presentes na manifestação. Em particular, os organizadores destacaram a conexão entre a luta pelos direitos femininos e a contestação contra a injustiça penal.
Os manifestantes também se uniram a um ato contra os feminicídios, que ocorreu na mesma data. Este ato, intitulado “Mulheres Vivas”, buscou chamar atenção para a crescente violência contra as mulheres no Brasil, um grave problema social que continua a afetar as comunidades em todo o país.
Mobilização contra o feminicídio
Durante a manifestação “Mulheres Vivas”, os participantes marcharam pela orla da Barra, exigindo o fim da violência de gênero. O ato foi especialmente significativo em um contexto onde a Bahia registrou 97 feminicídios entre janeiro e dezembro de 2025, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública. Salvador está no topo da lista, com 10 ocorrências registradas, seguindo-se Feira de Santana e Camaçari.
O assassinato recente de Rhianna Alves, uma mulher trans que foi vítima de um ataque brutal, destacou ainda mais a urgente necessidade de discutir e implementar políticas eficazes de prevenção e combate à violência contra as mulheres. O ato pediu não só a responsabilização dos agressores, mas também um fortalecimento das políticas públicas no âmbito de combater a violência de gênero.
Importância das medidas protetivas
As manifestantes também cobraram um maior conhecimento sobre as medidas protetivas disponíveis para mulheres que estão em situações de risco. Qualquer mulher, mesmo sem um fato considerado crime, pode solicitar uma medida protetiva em situações de ciúmes excessivos, perseguições ou controle, recorrendo às autoridades competentes. A importância de informar e educar sobre esses recursos é vital para garantir a segurança e os direitos das mulheres.
Conforme os registros e as vozes unidas durante este domingo em Salvador, fica evidente que a luta por justiça, equidade e direitos humanos continua a ser uma prioridade imperativa na sociedade brasileira. Os protestos demonstraram não apenas uma resposta ao PL da Dosimetria, mas também um chamado à ação contra a violência de gênero, revelando uma mobilização ampla e significativa por parte de diversas organizações sociais e do público em geral. A solidariedade mostrada nas ruas da Barra reflete uma determinação clara de que a luta por justiça e igualdade deve perseverar, em todos os níveis sociais e políticos.
Em um Brasil onde discussões sobre justiça e direitos humanos frequentemente se entrelaçam, as manifestações em Salvador no último domingo foram um exemplo claro de que a população está atenta e disposta a lutar pelos seus direitos. As vozes ecoaram em defesa de uma sociedade mais justa, livre de violências e rancores, e em busca de verdade e responsabilidade.


