Brasil, 21 de dezembro de 2025
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Apagões em São Paulo: impactos e soluções frente aos vendavais

Nos últimos dias, São Paulo enfrentou uma série de apagões que deixaram mais de 2 milhões de imóveis sem energia elétrica, decorrentes de um ventaval histórico com rajadas que ultrapassaram os 96 km/h. Este fenômeno, sem precedentes em muitos aspectos, não apenas expôs as vulnerabilidades da infraestrutura da cidade, mas também acendeu um alerta sobre a crescente necessidade de ações mitigatórias frente aos extremos climáticos.

Consequências do vendaval em São Paulo

Na quarta-feira, 10 de dezembro, a cidade foi atingida por ventos violentos que derrubaram árvores e danificaram postes, resultando em um caos sem luz que durou por vários dias. Com essa situação, a população se viu refém não só da força da natureza, mas também das escolhas urbanísticas que moldam a continuidade do fornecimento de energia na capital. Especialistas apontaram que, embora a cidade tenha tecnologias disponíveis para mitigar os efeitos de tais eventos, a implementação ainda é incipiente.

Soluções estruturais necessárias

Em entrevista ao portal g1, o professor Celso Oliveira, do departamento de engenharia de biossistemas da USP, destacou que uma das soluções mais eficazes seria a substituição das redes de energia aéreas por subterrâneas. Essa mudança evitaria o conflito com árvores que, em momentos de tempestade, se tornam fatores de risco para o fornecimento de energia. Porém, ele alerta que a barreira para essa implementação não é técnica, mas sim econômica e regulatória. O custo elevado das obras e a necessidade de uma redefinição no modelo de concessão dificultam a adoção dessa estratégia a curto prazo.

Tecnologia e monitoramento da rede elétrica

Além das medidas estruturais, a tecnologia existente já permite um monitoramento eficaz da rede elétrica em tempo real. Isso inclui a capacidade de identificar falhas especificamente e realizar manobras remotamente, evitando o desligamento de grandes áreas. Sistemas de redes inteligentes podem não apenas reduzir a duração dos apagões, mas também garantir que regiões em risco recebam energia por rotas alternativas, minimizando os impactos sobre a população.

Medidas imediatas e planejamento

A implementação de planos de contingência preestabelecidos, que são acionados com base nas previsões meteorológicas, é vista como uma medida imediata necessária. Adicionalmente, um reforço nas equipes operacionais antes da chegada de eventos climáticos extremos, manutenção de estoques de peças e poda preventiva de árvores podem ajudar a mitigar a gravidade dos apagões. A responsabilidade por essas ações, no entanto, não recai somente sobre as concessionárias, mas também sobre a Prefeitura de São Paulo, que deve manter equipes preparadas para o manejo da arborização urbana e revisar as normas urbanísticas que possam melhorar a resiliência da cidade.

A responsabilidade do futuro da Enel

Esses eventos extremos ocorrem em meio ao debate sobre o futuro da concessão da Enel em São Paulo, que se encerrará em 2028. Para especialistas, a troca da empresa não resolverá os problemas que atualmente afligem a cidade. É necessário um planejamento bem estruturado que seja aprovado pelos órgãos reguladores e efetivamente fiscalizado. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) já se manifestou a favor da substituição da Enel, alegando que a empresa não consegue atender às demandas da população, mas a administração municipal ainda carece de um plano específico para lidar com apagões relacionados a eventos climáticos.

Futuro da infraestrutura de energia

Um dos principais documentos que deveriam endereçar essas questões é o PlanClima, criado em 2021 e atualizado anualmente, que, segundo críticos, ainda não estabelece diretrizes claras sobre como São Paulo deve responder a apagões provocados por fenômenos climáticos. O secretário-executivo de mudanças climáticas da cidade, José Renato Nalini, reconheceu que esse tema é crucial e precisa ser incorporado ao plano.

Nessa linha de ação, a Enel anunciou recentemente melhorias na sua estrutura, incluindo a contratação de novos profissionais e a ampliação da frota para atendimento aos chamados emergenciais. Com isso, a concessionária espera reduzir a duração e frequência dos apagões, além de se preparar melhor para a próxima estação de verão.

Embora serviços elétricos sejam vitais para a vida urbana, a resistência a mudanças e à modernização da infraestrutura pode perpetuar uma dependência frágil diante das manifestações cada vez mais severas das alterações climáticas. É tempo de refletir sobre as escolhas estruturais e inovar para um futuro mais resiliente.

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