Uma pesquisa divulgada por EWTN News e RealClear Opinion Research nesta terça-feira (11) aponta que a maioria dos católicos nos Estados Unidos aprova as deportações em massa de imigrantes ilegais, evidencia de uma crescente tensão entre a opinião pública fiel e os posicionamentos oficiais da Igreja Católica.
Sentimento dos fiéis em relação às deportações e a Trump
O levantamento, que ouviu 1.000 católicos autodeclarados entre 9 e 11 de novembro, revela que aproximadamente 54% apoiam “a detenção e deportação de imigrantes sem autorização de forma ampla”. Apenas 30% se opõem à política e 17% permanecem neutros.
Entre os católicos brancos, 60% apoiam as deportações em massa, enquanto entre os latinos o apoio cai para 41%, com 39% contrários à medida. Quanto à frequência de missa, os fiéis que participam semanalmente manifestam maior respaldo às deportações: 58%, contra 50% daqueles que vão menos de uma vez por semana.
Os números indicam que os apoiadores mais fervorosos de Trump, especialmente entre os brancos praticantes, também tendem a defender ações de deportação. Segundo a pesquisa, 52% dos católicos têm uma opinião favorável ao presidente, frente a 37% que avaliam negativamente sua gestão. Entre os frequentadores assíduos de missa, esse percentual sobe para 60%.
O apoio ao ex-presidente e a oposição dos bispos
Desde sua posse, Trump tem recebido apoio significativo de fiéis católicos, refletido também nas opiniões favoráveis de sua equipe de governo. A assessora de imprensa da Casa Branca, Taylor Rogers, afirmou à CNA que “Trump conquistou uma vitória esmagadora entre católicos patrióticos, porque prometeu lutar por pessoas de fé, e tem entregado”, destacando ações como a defesa contra a mutilação de crianças, a restrição à participação de homens em esportes femininos e o combate ao aborto.
O apoio ao ex-presidente se apresenta em contraste com a postura oficial dos bispos dos EUA. No mês passado, a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB) publicou uma mensagem conjunta contra “a deportação em massa de pessoas”, recebendo o aval de mais de 95% dos bispos presentes na assembleia.
Segundo o estudioso Chad Pecknold, da Universidade Católica de América, “os números refletem o apoio público à deportação, apesar das posições dos bispos”, criticando a visão moderna do liberalismo e a abordagem dos líderes religiosos às questões de segurança e soberania.
História, imigração e ensinamentos da Igreja
Por outro lado, a historiadora Julia Young lembra que a Igreja Católica possui uma tradição de apoio à imigração. Ela destaca que a presença de latino-americanos e europeus fomentou o crescimento da Igreja nos EUA, reforçando a preocupação dos bispos com os direitos dos imigrantes.
De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, os países têm obrigação de acolher estrangeiros de forma digna, respeitando suas contribuições e observando limites impostos pelo bem comum. Assim, a postura dos bispos se fundamenta em um princípio de solidariedade e responsabilidade social.
Repercussões e perspectivas
O resultado do levantamento evidencia um conflito entre a opinião popular e a orientação oficial da Igreja, refletindo debates sobre segurança, imigração e valores religiosos. Analistas sugerem que a Igreja deve reavaliar suas posições, enquanto setores conservadores defendem a continuidade do apoio às políticas de deportação.
Este cenário reforça o papel de temas políticos e sociais na vida dos fiéis e a importância de diálogos abertos entre as lideranças religiosas e a sociedade civil no contexto da imigração nos Estados Unidos.
