O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (10) manter a taxa Selic em 15% ao ano, como era esperado pelo mercado. Apesar da melhora no cenário inflacionário, o comunicado reafirmou a necessidade de manter os juros elevados por um período prolongado, diante do ambiente de alta incerteza econômica. A decisão não indica uma mudança de tendência no curto prazo, mas sinais de que o ciclo de queda pode começar em 2026 estão presentes, segundo especialistas.
Sinalizações e condições para a redução da Selic
Embora o BC não tenha sinalizado uma intenção clara de reduzir os juros imediatamente, economistas destacam que o cenário atualmente favorece uma eventual diminuição em breve. “As condições já estão dadas para o início do ciclo de corte na primeira metade do próximo ano”, afirma a economista Miriam Leitão, que acompanha de perto a política monetária. A inflação, que vinha pressionando a alta dos juros, vem caindo de forma consistente nos últimos meses, seguindo uma trajetória bastante melhor do que a prevista.
Inflação em trajetória de queda
Segundo dados divulgados ontem, o IPCA — índice oficial de inflação — variou dentro do intervalo de flutuação pela primeira vez desde setembro de 2024. A inflação está abaixo do limite superior da meta, indicando uma convergência em direção ao objetivo de 3%. Apesar disso, o Banco Central reforça que a inflação ainda não atingiu o patamar desejado para a política de metas.
Razões econômicas para a manutenção dos juros
O motivo para a permanência dos juros elevados, mesmo com sinais de melhora, está na análise de que a inflação, apesar de recuar, ainda não estará na meta de 3% no horizonte de 18 meses. Além disso, a resiliência da atividade econômica, a baixa taxa de desemprego e a alta renda das famílias justificam o cuidado na eventual redução da Selic. “A economia ainda apresenta sinais de força, e o BC precisa garantir que a inflação continue caindo sem causar uma desaceleração muito forte”, explica Miriam Leitão.
Resiliência da atividade econômica e mercado de trabalho
Outro aspecto considerado pelo Banco Central é a desaceleração da economia, embora a renda das famílias permaneça elevada e o desemprego continue baixo. Há dúvidas quanto às razões da redução da participação no mercado de trabalho, que, segundo especialistas, inclui motivos diversos, como uma maior procura por estudos. A avaliação do BC é que, apesar de desacelerada, a atividade ainda não desacordou, mas suas perspectivas futuras estão sob análise.
Perspectivas para início do ciclo de cortes
Com base no cenário atual, há condições técnicas e de conjuntura para que o ciclo de redução da Selic possa começar no primeiro trimestre de 2026. A expectativa é de que essa mudança possa ocorrer sem comprometer o controle da inflação, que apresenta sinais de convergência, mesmo não atingindo ainda a meta definitiva.
Segundo especialistas, a continuidade do processo de desaceleração inflacionária, combinada com o controle de riscos externos, permite ao BC avançar na normalização da política monetária. Assim, a decisão de manter os juros em 15% reflete uma postura de cautela, mas com vistas a um possível ajuste na próxima metade de 2026, que deve ser realizado de forma gradual.
Para mais detalhes, leia a análise completa no blog da Miriam Leitão.


