Brasil, 24 de dezembro de 2025
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Hugo Motta acena ao bolsonarismo e afasta a esquerda na Câmara

O atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), parece estar navegando em águas turbulentas, acenando para o bolsonarismo e, ao mesmo tempo, se afastando da esquerda. Essa estratégia tem levantado questionamentos sobre sua autoridade e seus vínculos com o governo do presidente Lula. A recente votação sobre a redução de penas para os envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro marcou um novo capítulo em sua gestão.

A relação conflituosa com o governo

Motta foi eleito com ampla colaboração e apoio de diversos partidos, incluindo as agremiações da esquerda e da direita, logo no início de sua presidência. Desde então, ele tem buscado um delicado equilíbrio entre os interesses do PT de Lula e do PL de Jair Bolsonaro. Contudo, muitos dentro do governo e entre seus aliados afirmam que ele tende a atender mais à oposição, o que gerou um clima de desconfiança em relação à sua liderança.

Durante uma tentativa de cassação do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), Motta se viu pressionado e, para evitar uma derrota humilhante no plenário, optou por um acordo que resultou na suspensão do mandato de Braga por seis meses em vez da cassação direta. Esse episódio ilustra a complexidade de sua posição e a crítica crescente acerca de sua habilidade em liderar a Câmara.

Alinhamento com a oposição

As ações de Motta, como a derrubada de um decreto do presidente sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a aprovação de urgência de propostas que beneficiam a oposição, têm reforçado a ideia de que ele está, de fato, mais alinhado com a direita. Apesar das críticas recebidas, ele se defende afirmando que suas decisões são tomadas com base em equilíbrio e que não pretende romper com o governo.

Um apelo constante dentro de sua base de apoio é que Motta tem um bloco de 275 parlamentares, o que lhe proporciona uma margem de manobra considerável e permite que ele não dependa exclusivamente do suporte de direita ou esquerda para implementar suas decisões. Contudo, a proximidade das eleições em 2026 e as demandas políticas locais, especialmente na Paraíba, onde seu pai, Nabor Wanderley, é prefeito, também influenciam suas estratégias.

Protestos e resistências

Os últimos eventos na Câmara revelaram um clima de tensão crescente. Um confronto significativo ocorreu quando Glauber Braga tentou obstruir os trabalhos, ocupando a cadeira da presidência em um ato de protesto. Motta, por sua vez, foi criticado por não ter punido ainda os bolsonaristas que, em agosto, obstruíram os trabalhos legislativos e causaram grande descontentamento entre seus pares. A situação culminou com a retirada de Braga do espaço por agentes da polícia legislativa, em meio a uma transmissão que foi abruptamente interrompida.

A reação da oposição foi intensa, com declarações de deputados da esquerda questionando a autoridade de Motta. A insatisfação com sua liderança é palpável entre os governistas, alguns dos quais falam em um “caminho sem volta” na relação de Motta com o Palácio do Planalto.

A agenda econômica e a tentativa de reconciliação

Motta, no entanto, continua a afirmar que está comprometido em levar projetos da agenda econômica do governo para votação. Entre esses, estão medidas que visam punições a devedores contumazes e a redução de benefícios tributários. Ele tem buscado estabelecer um diálogo sobre essas pautas, evidenciando um desejo de não desagradar completamente o governo. A recente aprovação de um texto que penaliza a sonegação fiscal foi comemorada por membros da equipe econômica, sugerindo que Motta, mesmo em meio às tensões, ainda busca colaborar com o Executivo.

Como as relações dentro da Câmara se desenvolverão nas próximas semanas? A pressão sobre Motta está aumentando, e sua capacidade de equilibrar os interesses de diferentes grupos políticos será testada em um cenário instável. Com a proximidade das eleições, a estratégia de Motta pode ser crucial tanto para sua carreira quanto para a política brasileira em um período de intensas divisões.

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