Recentemente, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), fez declarações contundentes sobre a administração do atual presidente, Hugo Motta (Republicanos-PB). De acordo com relatos obtidos pelo Metrópoles, Lira não poupou críticas à gestão de Motta, utilizando mensagens em um grupo de WhatsApp para expressar seu descontentamento: “Tem que reorganizar a Casa. Está uma esculhambação”, afirmou o alagoano.
Cassação de Glauber Braga e repercussões
A insatisfação de Lira se intensificou após a recente aprovação da suspensão do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSol-RJ). Segundo informações de deputados próximos a Lira, a decisão gerou um clima tenso na Casa, especialmente porque o PSol já havia protocolado uma representação contra Motta, o que, segundo Braga, representa a derrota do atual presidente na gestão da Câmara.
Na noite de quarta-feira, uma votação crucial estava programada para decidir sobre o parecer do Conselho de Ética que recomendava a cassação de Braga e a inelegibilidade por um período de oito anos. Contudo, em um movimento estratégico, o PSol apresentou uma emenda que propunha substituir a cassação por uma suspensão de seis meses, em um acordo que contou com o apoio do governo e de partidos do Centrão. O resultado foi uma vitória para o PSol, com 318 votos a favor.
Após o desfecho da votação, Glauber Braga celebrou ao lado de seus aliados no plenário da Câmara, demonstrando alívio e satisfação com o resultado. Ele havia sido acusado de quebra de decoro parlamentar após um incidente em abril de 2024, quando expulsou o militante do Movimento Brasil Livre (MBL), Gabriel Costenaro, argumentando que este havia ofendido sua mãe, Saudade Braga, ex-prefeita de Nova Friburgo e já falecida.
Decisões que afetam a agenda da Câmara
Um deputado do PP, que preferiu não ser identificado, relatou à reportagem que o presidente da Câmara, Hugo Motta, evitou dialogar com lideranças sobre a possível cassação de Braga, para não criar divisões dentro da Casa e, assim, “zerar” a pauta do ano. Isso levanta questões sobre a dinâmica politicamente delicada que atualmente permeia a Câmara.
Além disso, a agenda da Câmara também incluiu a votação de um Projeto de Lei (PL) referente à Dosimetria, que abrange aqueles envolvidos em atos terroristas ocorridos em 8 de janeiro. Lira fez uma declaração ressaltando que os parlamentares estavam demonstrando uma sensibilidade que, segundo ele, não seria recíproca na mesma situação.
Relação complexa entre Lira e Braga
As tensões entre Lira e Braga não são novas. Em 2024, durante um embate verbal, o psolista não hesitou em chamar Lira de “bandido”, acusando-o de malversar o orçamento público e de denegrir a imagem do Congresso. Essa animosidade pode ter contribuído significativamente para a percepção negativa que Lira tem em relação ao parlamentar do PSol.
Vale ressaltar que o clima na Câmara tem se mostrado bastante polarizado. As reprovações e os elogios, muitas vezes, refletem a intensa disputa não apenas entre os partidos, mas entre as lideranças que buscam se firmar em um ambiente cada vez mais conturbado. As manifestações de Lira representam um aspecto importante desse contexto político em evolução, que tende a determinar os rumos da administração da Câmara nos próximos meses.
À medida que 2024 avança, as tensões entre os parlamentares e a luta pelo controle do Legislativo podem ressoar cada vez mais entre a opinião pública, à espera de um desfecho que beneficie a transparência e a eficiência da gestão política.
O desenrolar da situação e as reações dos parlamentares a essa crítica não apenas definirão a trajetória política de Lira e Motta, mas também refletirão as diretrizes que moldarão o papel da Câmara dos Deputados em um cenário cada vez mais dinâmico.


