No dia 10 de dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) tomou a decisão de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano. Essa deliberação foi unânime entre os membros do colegiado e marca a quarta reunião seguida em que a taxa é mantida neste patamar, após um ciclo de aumentos que elevaram a Selic a um nível que não era registrado desde 2006.
Contexto da decisão do Copom
A política monetária restritiva do BC teve início em setembro do ano anterior, quando o Copom decidiu interromper os cortes na taxa e elevar a Selic de 10,50% para 10,75% ao ano. A missão do Banco Central é controlar a inflação, que embora esteja subindo, apresenta um crescimento menos acelerado atualmente.
No comunicado recente do comitê, a estratégia adotada é a manutenção da Selic em níveis contracionistas por um período prolongado, tratando das expectativas inflacionárias ainda desancoradas. “O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, informou o texto oficial da reunião.

Ainda assim, os diretores do Copom podem ajustar os passos futuros da política monetária, e a manutenção da taxa não garante que eles não voltem a aumentar a Selic caso a situação exija. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou que a autoridade monetária não está satisfeita com a taxa, mas que está comprometida em trazer a inflação para a meta estabelecida de 3% ao ano.
Esta declaração ocorre em meio a pressões políticas do presidente Lula e de membros de sua equipe econômica em busca do início do ciclo de cortes na taxa de juros.
Entenda a situação dos juros no Brasil
- A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação;
- Os membros do Copom são responsáveis por definir se a taxa Selic deve ser cortada, mantida ou elevada;
- Com o aumento dos juros, o consumo e os investimentos tendem a diminuir;
- Consequentemente, o crédito se torna mais caro, o que pode desacelerar a atividade econômica e fazer os preços caírem;
- As projeções atuais mostram que o mercado não espera uma Selic abaixo de dois dígitos durante o governo Lula e o mandato de Galípolo.
Expectativas do mercado para a Selic
Conforme análises do mercado financeiro apresentadas semanalmente no relatório Focus, as expectativas são de que a Selic se mantenha em 15% até o final deste ano, sem novos aumentos. As previsões para os anos seguintes são as seguintes:
Em 2026, a Selic deve ficar em 12,38% ao ano. Para 2027, a estimativa é de 10,50% ao ano e, em 2028, a previsão continua em 10% ao ano. Desta forma, é esperado que o panorama econômico não permita que a Selic cruze a barreira dos dois dígitos até o término do governo atual, em 2026, ou até o final do mandato de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central, que se encerra em 2028.
Calendário do Copom
Reuniões em 2026:
27 e 28 de janeiro
17 e 18 de março
28 e 29 de abril
16 e 17 de junho
4 e 5 de agosto
15 e 16 de setembro
3 e 4 de novembro
8 e 9 de dezembro
Com essas determinações, o Copom demonstra um comprometimento em controlar a inflação, ao mesmo tempo que enfrenta a pressão política para a redução das taxas de juros, um movimento notado com a crescente preocupação do governo atual.

