Nesta quarta-feira (10), o Plenário da Câmara dos Deputados tomou a decisão de suspender o mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) por seis meses. A votação ocorreu com 318 votos a favor, 141 contra e três abstenções. Nessa votação, foi rejeitada a cassação do parlamentar, permitindo que ele mantivesse seus direitos políticos.
A suspensão resulta de um incidente ocorrido em abril do ano passado, quando Glauber foi acusado de agredir Gabriel Costenaro, um membro do Movimento Brasil Livre (MBL). Na votação preliminar, a alternativa da suspensão foi escolhida em vez da cassação, que tornaria Glauber inelegível. O apoio à medida alternativa foi expressado por parlamentares de diferentes partidos, com 226 votos a favor e 220 contra.
Contexto da suspensão
A proposta de suspensão foi apresentada pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) e contou com o respaldo de deputados de partidos como PSD e MDB. O deputado Hildo Rocha (MDB-MA) reconheceu que Glauber cometeu um erro ao violar o Código de Ética, mas argumentou que a punição mais severa seria desproporcional. “Isso não é motivo de cassação”, defendeu Rocha.
A deputada Laura Carneiro (PSD-RJ), apesar de se opor a Glauber, expressou que, em situações extremas, como ter uma mãe internada na UTI, a reação poderia ser compreensível. A rivalidade política não impediu que colegas reconhecessem a complexidade da situação. Da mesma forma, o deputado Fausto Pinato (PP-SP) lembrou que Glauber errou e merecia algum tipo de punição, mas não a cassação de seu mandato.
Entretanto, o relator da matéria, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), defendeu a cassação, afirmando que o tema foi amplamente debatido nas comissões pertinentes e reiterou a importância de manter a rigidez do processo. Ele argumentou que o comportamento de Glauber não poderia passar sem uma resposta apropriada.
A defesa de Glauber Braga
Emocionado, Glauber protestou contra a possibilidade de perder seu mandato, explicando que o ato de agressão foi uma reação a ofensas direcionadas à sua mãe, que estava enferma. “Calar o mandato de quem não se corrompeu é sim uma violência”, destacou o parlamentar em seu discurso. O apoio de colegas como Chico Alencar (PSOL-RJ) enfatizou que, apesar do erro, não havia justificativa para a cassação do mandato.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) pediu que os parlamentares refletissem sobre suas decisões, afirmando que a defesa da honra da mãe de Glauber não deveria ser comparada a casos anteriores, como o de Carla Zambelli. Em contrapartida, alguns como Kim Kataguiri (União-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG) defenderam a cassação, citando que Glauber não deveria ter reagido de maneira violenta, mesmo diante de provocações.
Histórico e repercussões
A situação de Glauber é ainda mais complexa considerando que, na terça-feira (9), ele havia sido expulso à força do plenário pela Polícia Legislativa, após ocupar a cadeira da presidência como forma de protesto contra a pauta que incluía seu pedido de cassação. O clima tenso no Legislativo reflete as divisões políticas profundas e a pressão de várias partes envolvidas.
Em abril do ano passado, o Conselho de Ética da Câmara já havia aprovado por 13 votos a cinco um parecer que recomendava a cassação de Glauber por quebra de decoro parlamentar. O partido Novo sustentou que o deputado havia agredido Costenaro durante um debate sobre a regulamentação da profissão de motoristas de aplicativo, enquanto Glauber argumentou que suas ações foram em resposta a provocações acumuladas.
A decisão da Câmara em suspender o deputado ao invés de cassá-lo representa uma vitória parcial para Glauber e seus defensores, mas também destaca as divisões e a controvérsia que cercam sua figura no cenário político atual.


