Nesta terça-feira, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei da Dosimetria, que visa reduzir a pena do ex-presidente Jair Bolsonaro e de militares que estiveram à frente do seu governo durante a tentativa de golpe de Estado em 2023. A proposta, que obteve um expressivo apoio dos partidos do Centrão, além do PL (Partido Liberal), de Bolsonaro, sinaliza uma mudança significativa na dinâmica política brasileira.
Uma votação polêmica e seus desdobramentos
Contando com o número de 291 votos favoráveis e 148 contra, a proposta foi aprovada após uma articulação intensa que se intensificou com a candidatura do senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, como candidato da direita nas eleições presidenciais de 2026. Esse movimento parece ter galvanizado o apoio a Bolsonaro no Congresso, mesmo em um contexto político em que sua figura continua polêmica.
Os votos contra o projeto foram majoritariamente da base de apoio mais ideológica ao governo atual, incluindo partidos como o PT (Partido dos Trabalhadores), PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), PDT (Partido Democrático Trabalhista) e PSB (Partido Socialista Brasileiro). O PT e o PSOL, por exemplo, votaram de forma unânime contra a proposta. Enquanto isso, o PDT e o PSB tiveram apenas um voto a favor.
Os partidos e seus posicionamentos
O PL, partido ao qual Bolsonaro pertence, apresentou 75 votos a favor e apenas um contra a medida, evidenciando a coesão interna em torno do ex-presidente. Os partidos do Centrão também colaboraram de forma significativa, com destaque para o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que, apesar de ter três ministros no governo Lula, contribuiu com apenas cinco votos contrários ao PL da Dosimetria. Em outros partidos à direita, como o União Brasil e o PP (Partido Progressista), a divergência foi mínima, com quatro e dois votos contrários, respectivamente.
A forte presença de apoio ao PL da Dosimetria entre os partidos que tradicionalmente ocupam o centro político no Brasil reflete uma flexibilidade tática em busca de alinhamentos que podem beneficiar suas agendas políticas futuras. O certo é que essa aprovação causou um alvoroço na esfera política, não apenas pela redução da pena de um ex-presidente, mas pela mensagem que isso envia acerca da colaboração entre partidos em momentos críticos.
O impacto do PL da Dosimetria na política brasileira
Analistas políticos acreditam que essa aprovação pode ter repercussões significativas nas futuras eleições e no cenário político de 2026. Ao apoiar a diminuição da pena de Bolsonaro, os partidos do Centrão não apenas garantem o apoio a um ex-presidente que ainda possui uma base considerável, mas também se posicionam para possíveis alianças eleitorais, reconstruindo seu espaço político em um contexto de polarização crescente.
O avanço deste projeto pode intensificar a tensão nas relações entre os partidos de esquerda e os do Centrão, que, ao que tudo indica, estão dispostos a unir forças em nome de um pragmatismo político que já foi criticado em diversas ocasiões. O reflexo desse cenário na opinião pública ainda é incerto, mas a movimentação deixa evidente que a política brasileira continua a ser marcada por acordos estratégicos que muitas vezes sobrepõem princípios éticos a objetivos de poder.
Conclusão
Com a aprovação do PL da Dosimetria, o Brasil se vê novamente diante de desafios complexos em sua política. As escolhas feitas pelos partidos na Câmara dos Deputados não apenas redimensionam a figura de Jair Bolsonaro, mas também expõem as fragilidades e as alianças que moldam o futuro político do país. O que se espera agora é que essa decisão tenha um impacto profundo nas próximas eleições e no relacionamento entre as diversas forças políticas em atuação. O próximo capítulo dessa história está por vir, e a batalha decisiva nas urnas de 2026 certamente será influenciada por essa dinâmica recém estabelecida.



