O clima esquentou na Câmara dos Deputados na última quarta-feira, quando o deputado federal Glauber Braga (PSol-RJ) foi retirado à força do plenário por policiais legislativos. O incidente ocorreu durante um protesto do parlamentar, que se manifestava contra um processo de cassação de seu mandato por quebra de decoro, na qual está sendo acusado de agredir um militante do MBL em 2024. A ação gerou comoção e protestos não apenas por parte de Glauber, mas também pela maneira como a situação foi conduzida.
Protesto no plenário e críticas à censura
Durante o episódio, Glauber ocupou a cadeira do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), como forma de protesto. Em sua fala, o deputado ressaltou a estranheza em relação ao fato de que a TV Câmara foi cortada enquanto ele estava sendo retirado, afirmando: “Nunca vi cortarem a TV Câmara para as pessoas não saberem o que está acontecendo no plenário”. Essa ação de censura gerou descontentamento e críticas não apenas dele, mas de diversos grupos que defendem a liberdade de expressão.
Enquanto ocupava a presidência, Glauber comparou seu tratamento ao de parlamentares que participaram de protestos a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Só pedi ao Motta para ter 1% do tratamento comigo que aqueles que sequestraram a mesa diretora da Câmara”, afirmou. Essas declarações deixam claro o desconforto que o deputado sente em relação ao que considera um duplo padrão nas ações da Polícia Legislativa.
Andamento do processo de cassação
A cassação de Glauber Braga, que deve ser votada em breve, é considerada por muitos como uma manobra política. O deputado é um crítico ferrenho do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que, segundo rumores, estaria tentando minar seu mandato. Glauber se defendeu dizendo que não está apenas lutando por seu cargo, mas pela manutenção da democracia no Brasil, enfatizando que quer garantir um espaço de debate livre e transparente.
Em suas declarações à imprensa, o deputado destacou a importância de se manifestar em defesa da democracia e dos direitos dos cidadãos. “Queria ter uma fala preparada para esse momento, mas até o último momento vou estar lutando pelo meu mandato, mas para que eles não firam a democracia”, disse, referindo-se à pressão que sua atuação política tem enfrentado nos últimos meses. Além disso, a presença da polícia no plenário também levantou questões sobre a liberdade de imprensa, uma vez que jornalistas foram impedidos de permanecer na sala durante o tumulto.
Consequências para a política brasileira
O episódio envolvendo Glauber Braga levanta importantes questionamentos sobre a autonomia do Legislativo e o espaço para a oposição dentro da Câmara dos Deputados. A forma como foram tratadas as manifestações nas últimas semanas sinaliza um ambiente político tenso, onde a liberdade de expressão pode estar em riscos. O caso de Glauber não é isolado; outros líderes opositivos também têm enfrentado restrições em suas atividades, evidenciando um ambiente hostil para quem se opõe ao governo.
Além disso, este tipo de ação pode refletir negativamente na percepção da democracia e no engajamento do cidadão comum na política. Os eleitores podem se sentir desiludidos ao ver que a representação popular está sendo frequentemente silenciada. Esse cenário exige uma reflexão coletiva sobre a necessidade de se garantir um espaço onde todas as vozes, independentemente de sua posição política, possam se manifestar livremente.
O deputado Glauber Braga promete continuar sua luta, não apenas pela defesa de seu mandato, mas por um sistema político mais justo e democrático. O resultado da votação que pode decidir o futuro de seu cargo está cada vez mais próximo, e os desdobramentos desse caso devem ser acompanhados de perto pela sociedade brasileira.
Leia mais sobre o assunto aqui.



