Brasil, 9 de dezembro de 2025
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Brasil entre países com menor tributação para os super-ricos

De acordo com a terceira edição do Relatório Mundial sobre a Desigualdade 2026, elaborado pelo World Inequality Lab e liderado pelo economista francês Thomas Piketty, o Brasil destaca-se por sua baixa carga tributária sobre os ultrarricos em comparação com países como França, Holanda, Espanha e Estados Unidos. O estudo revela que, no topo da pirâmide de renda, as alíquotas efetivas caem quase a zero, sinalizando uma das maiores desigualdades fiscais globais.

Desigualdade na arrecadação de impostos sobre os ultrarricos

Segundo o relatório, enquanto trabalhadores da classe média pagam entre 10% e 20% de sua renda em impostos, os bilionários contribuem proporcionalmente menos, muitas vezes menos do que famílias de renda média ou alta. Essa queda na tributação no topo é mais acentuada no Brasil, sendo que, na maioria dos países pesquisados, as taxas efetivas sobre ricos são um pouco mais altas, exceto na Holanda, cuja trajetória mais próxima à do Brasil.

Concentração de renda e carga tributária

Os dados apontam que, atualmente, 10% mais ricos detêm 75% da riqueza global, enquanto metade mais pobre possui apenas 2%. Além disso, o Brasil figura entre os 20 países com maior número de milionários, à frente da Rússia e da Noruega, destacando sua forte concentração de riqueza (ranking mostra Brasil entre os mais ricos).

Impostos e políticas públicas no Brasil

Recentemente, o Congresso aprovou uma proposta do governo Lula que isenta de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. Já para quem recebe mais de R$ 600 mil por ano, a alíquota mínima será de 10%, atingindo 10% somente para rendimentos superiores a R$ 1,2 milhão anuais (detalhes da proposta).

Ricardo Gómez Carrera, coordenador do relatório, destaca a dificuldade histórica da América Latina em tributar os mais ricos. Ele afirma que a região, em média, possui uma tributação regressiva, dificultando a redução das desigualdades.

Propostas para uma tributação global mais justa

O estudo apresenta propostas de tributação global sobre altas fortunas, como um imposto de 3% sobre cerca de 100 mil bilionários, que poderia arrecadar US$ 750 bilhões ao ano — valor equivalente ao orçamento global de educação para países de baixa e média renda. Uma outra proposta mais modesta, de 2% sobre patrimônios acima de US$ 100 milhões, arrecadaria US$ 503 bilhões anualmente (fonte do estudo).

Perspectivas e desafios

Apesar dos avanços, o relatório ressalta que o Brasil ainda atua como um “paraíso fiscal” para os super-ricos, com uma carga tributária relativamente baixa. Nathalie Beghin, do Inesc, avalia que o sistema tributário brasileiro precisa ser mais progressivo e que a cooperação internacional deve ser fortalecida para combater a evasão fiscal, especialmente em um cenário global que favorece países desenvolvidos.

O estudo reforça a necessidade de uma reforma tributária global que equilibre o peso das contribuições e limite a crescente concentração de riqueza, contribuindo tanto para a justiça social quanto para a sustentabilidade fiscal dos países.

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