No amanhecer de 8 de dezembro de 2024, ainda em Doha, fui surpreendido pela notícia da queda do regime de Bashar al-Assad. A euforia daquele primeiro instante permanece até hoje, como um sonho que não se apaga, mesmo um ano depois.
O início de uma mudança inesperada na Síria
Como milhões de sírios na diáspora, havia me convencido de que talvez nunca visse meu país natal sem Assad no poder. Mas uma ofensiva rebelde de 11 dias, liderada por Ahmed al-Sharaa, mudou esse cenário. Acreditei que o regime não pudesse durar para sempre, e que, eventualmente, um futuro mais livre surgiria.
Reflexões sobre o retorno e a devastação do país
Por anos, imaginei que minha vida no exterior seria temporária, planejando retornar um dia à minha terra. Contudo, meses antes da queda de Assad, percebi que não havia caminho de volta. Damascus, onde estudei, estava irreconhecível, marcada pela guerra, mortes e destruição silenciosa.
O retorno em 2025 e a dura realidade
Finalmente, em janeiro de 2025, pude retornar à Síria. Como jornalista e pesquisador, constatei que o país continuava a ser devastado, incluindo regiões sob controle do regime. Meu irmão, que vive na capital, relutava em se afastar de rotas perigosas, evitava pontos de risco criado pela guerra.
Sob o controle de um regime repressivo
As informações de fora eram limitadas; o sofrimento nas áreas controladas por Assad permanecia escondido. A guerra, vista pelo regime como uma purificação, deixou a população em uma prisão de silêncio e medo.
O impacto do colapso do regime
A queda de Assad foi uma surpresa tão grande que muitos ainda atribuem o evento a forças ocultas — seja divinas, seja internacionais. Alguns veem aquilo como um milagre, outros como uma conspiração para substituir Assad por jihadistas, reforçando a complexidade do momento histórico.
Futuro incerto e esperança renovada
Apesar das dúvidas e incertezas, a memória daquele dia glorioso continua alimentando a esperança de muitos sírios. A longa luta por liberdade deixou marcas profundas, mas também incitou a possibilidade de um novo começo para a Síria.


