Na próxima quarta-feira, investidores e analistas globais estarão de olho em um evento que pode definir tendências para a economia mundial: a decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, sobre os juros dos Estados Unidos. A chamada “superquarta” marca também o encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil.
Decisão do Fed e o cenário de taxas americanas
O colegiado do Fed, liderado por Jerome Powell, deve anunciar uma nova redução da taxa básica de juros, de 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 3,5% e 3,75%, mesmo com sinais de que a inflação permanece elevada. Segundo analistas ouvidos pela Bloomberg, há mais de 90% de chance de o Fed cortar os juros na próxima semana, após duas reduções seguidas em outubro, impulsionadas pela deterioração do mercado de trabalho durante o verão no Hemisfério Norte.
Entretanto, a divisão dentro do próprio colegiado tem se aprofundado. Alguns diretores, com direito a voto, demonstram resistência a novos cortes em dezembro, preocupados com a persistência da inflação. “Apesar do avanço da inteligência artificial e dos smartphones, as velhas calculadoras ainda vendem milhões de unidades por ano”, brincam economistas, destacando o desafio de equilibrar inovação e estabilidade econômica.
Impacto na política monetária do Brasil
Já no Brasil, o Banco Central deve manter a taxa de juros em 15% na sua próxima reunião, apesar dos sinais de melhora nas expectativas de inflação para este ano e o próximo. O relatório mais recente, divulgado em 5 de dezembro, indica desaceleração dos preços, mas ainda acima do teto de 4,5% da meta oficial, que é de 3% ao ano.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que, após o relatório de preços ao consumidor de novembro, o cenário pode ajudar a compor uma orientação mais clara para o mercado, embora a taxa de juros permaneça inalterada. “A expectativa é de que a inflação desacelere pelo segundo mês consecutivo e fique próxima do limite superior da meta”, disse Galípolo em audiência na Câmara dos Deputados.
Perspectivas e tensões no cenário econômico
Especialistas acreditam que o cenário de incertezas pode se manter até o começo de 2026, com o avanço na sinalização de políticas dos Estados Unidos e do Brasil. A decisão do Fed terá impacto direto na commodities, no câmbio e nos fluxos de capitais, além de influenciar o ritmo de ajustes do Banco Central aqui no país.
Por outro lado, a eleição de um novo presidente para o Fed, possivelmente indicado por Donald Trump para substituir Powell, sinaliza uma nova fase de volatilidade, com riscos de cortes de juros mais agressivos ou de alguma nova reação inflacionária, dependendo do perfil do futuro dirigente.
Expectativas de próximos meses
Analistas já apontam que o Fed pode fazer uma pausa nas reduções de juros antes de mais duas quedas previstas para março e setembro de 2026, apoiadas por uma recuperação nos dados econômicos. No Brasil, o cenário é de estabilidade, mas os agentes econômicos aguardam novidades que possam orientar o mercado e definir a trajetória da política monetária nos próximos meses.

