Três médicas que atuavam no pronto-socorro Santê, em Campinas (SP), fazem graves denúncias sobre a operadora de plano de saúde Go Care, informando que estão há seis meses sem receber pelos serviços prestados. Este cenário se agrava considerando que a Go Care já enfrentou problemas de interrupção de tratamentos para pacientes com câncer. De acordo com as profissionais, os atrasos nos pagamentos começaram a aumentar progressivamente, variando de 30 para prazos de 45, 60 e até 90 dias, culminando na atual situação de inadimplência que se estende por mais de 180 dias.
Os relatos das médicas e o impacto nos atendimentos
As médicas, que preferiram não ser identificadas, ressaltam que, além de não receberem pelas consultas e atendimentos prestados, ainda têm que lidar com os impostos exigidos para quem atua como pessoa jurídica (PJ). Elas contaram que cerca de 20 profissionais estão enfrentando a mesma situação angustiante. “Eu recebia normalmente por uns seis meses. Depois comecei a perceber que os pagamentos começaram a se alongar, e este ano foi o auge, com atrasos superiores a 180 dias”, relatou uma das profissionais.
A EPTV, afiliada da TV Globo, entrou em contato com o pronto-socorro Santê, que afirmou que a questão deve ser tratada diretamente com a Go Care. Por sua vez, a Go Care não se manifestou sobre os pagamentos até a publicação desta reportagem, o que aumenta a insatisfação dos médicos.
Pacientes diagnosticados com câncer também enfrentam grandes dificuldades: relatos indicam que consultas, quimioterapias e até cirurgias foram interrompidas devido aos problemas financeiros da operadora Go Care. Em novembro, a operadora se defendeu através de uma nota, afirmando que “em nenhum momento houve cancelamentos ou interrupções de pagamento aos prestadores de serviços de Campinas e região”. No entanto, as denúncias persistem, levantando preocupações sobre a credibilidade da empresa.
Tentativas de negociação frustradas
De acordo com as médicas, diversas tentativas de resolução direta com a Go Care foram infrutíferas. Em uma das últimas comunicações, elas relataram que foram informadas de que o departamento jurídico entraria em contato para discutir uma possível negociação. Nesse momento, disseram que aqueles que aceitassem continuar trabalhando com a operadora receberiam os pagamentos à vista. No entanto, a realidade no dia a dia tem sido bastante diferente.
“Eles não dão suporte. A gente chegou a ir até a empresa, mas sempre tinha uma desculpa: estavam em horário de almoço ou simplesmente não queriam conversar”, disse uma das médicas, evidenciando a falta de respeito e profissionalismo por parte da operadora.
A falta de médicos disponíveis afetou diretamente os atendimentos tanto no pronto-socorro quanto no ambulatório, deixando inúmeros pacientes sem a assistência necessária. “Os pacientes chegavam frustrados, buscando ajuda, e nós, mesmo sem receber, trabalhávamos com dedicação e ética para oferecer o melhor atendimento possível”, revelou uma profissional da saúde.
O que diz a Go Care?
Em nota enviada à EPTV em novembro, o advogado da Go Care reiterou que “em nenhum momento houve cancelamento ou interrupção de pagamentos aos prestadores de serviço na comarca de Campinas e na região metropolitana”. A empresa afirma que se compromete com cada beneficiário e que está realizando ajustes na sua rede de atendimento sem prejuízo ao consumidor.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também está atenta à situação da Go Care, que vem sendo monitorada devido a problemas graves tanto na parte econômica quanto assistencial. Denúncias a respeito da operadora podem ser feitas pelo Disque-ANS, no número 0800 701 9656.
Um cenário preocupante para pacientes e médicos
A situação levantada pelas médicas em Campinas ilustra um problema complexo no setor de saúde suplementar, onde atrasos e má gestão financeira impactam não apenas os prestadores de serviço, mas, principalmente, os pacientes que dependem de tratamento contínuo e de qualidade. A expectativa é que as autoridades competentes tomem as devidas providências para garantir que tanto os profissionais de saúde quanto os pacientes não sejam prejudicados por questões administrativas.
Enquanto isso, os desafios enfrentados pelos médicos da Go Care e a insegurança dos pacientes continuam gerando apreensão e frustração na comunidade. A esperança é que uma solução seja rapidamente encontrada, assegurando o acesso aos serviços essenciais de saúde que todos merecem.
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