Marco Rubio vive duas vidas. Suas jornadas começam no Departamento de Estado e terminam na Casa Branca. Ele é a primeira figura desde Henry Kissinger a ocupar simultaneamente os cargos de conselheiro de segurança nacional e secretário de Estado, ambos papéis que antes definiram o republicanismo pós-guerra. No entanto, ele atua em uma presidência que se propõe a desmantelar grande parte dessa tradição.
A complexidade do papel de Rubio
Gerenciar essas demandas é um desafio: colegas revelam que muitas vezes ele “acampa” na casa do presidente até que Donald Trump vá para a cama. Seu escritório no West Wing está próximo ao da chefe de gabinete de Trump, Susie Wiles, recentemente descrita pelo presidente como “a mulher mais poderosa em qualquer lugar”, e do vice-presidente JD Vance.
Rubio rapidamente aprendeu que, para ganhar um argumento ou influenciar uma decisão nesta administração, a proximidade é fundamental, especialmente com um presidente que costuma pedir conselhos a qualquer um que passa ao seu lado ou com quem faz uma ligação.
Uma fonte de influência e controvérsia
Ele se inseriu na órbita interna de Trump com um cuidado quase antropológico, aprendendo quando falar, quando acenar e quando simplesmente permanecer na sala. Cada vez mais, ele se torna um conselheiro para o presidente, visto como uma força sóbria e um veterano que conhece bem a política crua e como funcionam o Senado e a Câmara.
Trump deixou claro que vê Rubio como parte de um bilhete conjunto para 2028 com Vance, afirmando: “Marco é meu melhor amigo na administração”. Isso destaca a relação entre os três, enquanto o novo programa de segurança nacional dos EUA começa a dividir ainda mais a visão da administração sobre o mundo.
A nova estratégia de segurança nacional e suas implicações
Recentemente, o lançamento de uma nova estratégia de segurança nacional focou na visão da política externa americana, que prioriza a própria região e questiona se certas nações da Europa podem permanecer aliados confiáveis. A estratégia, lida como uma continuação raivosa do discurso de Vance na Conferência de Segurança de Munique em fevereiro, acusa alguns governos europeus de se deixarem levar por uma “erasure civilizacional”.
Urge uma pergunta entre analistas: seria Rubio, o ex-falcão neoconservador que foi ridicularizado por Trump como “Macro Robotco”, um novo fiel do magismo ou está ele perseguindo uma agenda própria? No contexto atual — onde a divisão e a incerteza dominam — a questão sobre qual Rubio emergirá torna-se uma das mais intrigantes em Washington.
Críticas à gestão de Rubio e seu futuro político
Entre os críticos à direita, Rubio é visto como o neocon que nunca realmente mudou. Recentemente, ele teve que negar estar em desacordo com a administração após alegações de que descreveu o plano de paz da administração para a Ucrânia como uma “lista de desejos russa”. Sua habilidade de se adaptar e de navegar no império de Trump é vital para sua sobrevivência política.
Enquanto a estratégia nacional de segurança abala os líderes europeus e faz ressurgir o debate sobre as alianças, Rubio se vê em uma posição complicada. Temendo perder a relevância, ele precisa decidir até onde está disposto a ir para manter um abrigo entre Europa e os EUA.
Conclusão: O que vem a seguir para Rubio?
Embora Trump sugira um bilhete conjunto para 2028 e os teóricos da administração prevejam o papel de Rubio como um mediador, a verdade é que o centro ideológico está mudando. A pergunta permanece: o que Rubio representa quando o presidente não está na sala, e até onde ele está disposto a arriscar sua posição no atual clima político?
Assim, o enredo de Marco Rubio se desdobra sob a sombra de decisões políticas cruciais que moldarão não apenas o seu futuro, mas também o da política externa americana.

