No último dia 8 de dezembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) endureceu seu discurso sobre o feminicídio, enfatizando a relevância da questão e a necessidade de uma mudança de comportamento social. O petista, que já se coloca como pré-candidato à reeleição em 2026, afirmou que o assassinato de mulheres deve ser encarado como um problema institucional e que a responsabilidade pela sua erradicação recai sobre os homens.
O discurso de Lula na 14ª Conferência Nacional de Assistência Social
Durante a 14ª Conferência Nacional de Assistência Social, Lula fez um discurso improvisado onde reforçou a ideia de que os homens devem ser protagonistas na luta contra o feminicídio. “É muito raro, ou quase nunca, a gente ver uma notícia da mulher que bate no marido. Se por acaso acontece, ele vai ficar com vergonha e não vai falar pra ninguém. Quem tem que mudar de comportamento são os homens, não são as mulheres”, afirmou, sublinhando a necessidade de que os homens reflitam sobre seus papéis e atitudes.
Educação como ferramenta de mudança
Em um discurso que mescla emoção e firmeza, o presidente afirmou também que o feminicídio é “um problema evidentemente educacional”. Para ele, a mudança deve começar nos bancos escolares e se estender à criação dos filhos. “Vamos ter que começar a aprender na escola, vamos ter que educar nossos filhos”, completou. A proposta de incluir a educação sobre gênero e respeito nas escolas é uma medida que visa conscientizar desde a infância e reverter a cultura machista presente em muitos segmentos da sociedade.
Ato contra o feminicídio na Avenida Paulista
O discurso de Lula ocorre em um contexto de crescente mobilização social contra a violência de gênero. No dia anterior, em 7 de dezembro, cerca de 9,2 mil pessoas se uniram em um ato contra o feminicídio na Avenida Paulista, em São Paulo. O protesto foi organizado pelo Movimento Nacional Mulheres Vivas e teve como objetivo chamar atenção para a luta das mulheres e a urgência em combatê-la. Durante o ato, os manifestantes bloquearam os dois sentidos da Avenida Paulista em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), rechaçando o alarmante número de feminicídios no Brasil.
A importância da mobilização social
O movimento que tomou as ruas no domingo reflete uma crescente conscientização e união em torno da causa. Muitas mulheres e homens se uniram para exigir suporte governamental efetivo e políticas públicas que combatam a violência de gênero. Além disso, o evento foi uma oportunidade para que diversos grupos e associações que lutam pelos direitos das mulheres se reunissem e fortalecessem suas vozes.
Responsabilidade compartilhada no combate à violência
O apelo de Lula ao público para que os homens tomem a frente na luta contra o feminicídio não é apenas um chamado à ação, mas também um reconhecimento de que a mudança deve acontecer em vários níveis — individual, familiar e social. A transformação das mentalidades e a desconstrução de estereótipos de gênero são passos essenciais no combate à cultura da violência. Essa mudança começa com a educação e a criação de um ambiente de respeito e igualdade.
As consequências do feminicídio no Brasil
A discussão sobre feminicídio no Brasil não é nova, mas ganhou destaque considerável nos últimos anos. Estatísticas alarmantes revelam que o Brasil é um dos países com as maiores taxas de feminicídio no mundo. A cada 7 horas, uma mulher é assassinada, uma realidade que torna a luta por justiça ainda mais urgente. A declaração do presidente Lula representa um passo importante para que o tema esteja no centro das políticas públicas e nas agendas de discussões, enquanto a sociedade avança em busca de igualdade de gênero.
O discurso do presidente Lula nesta segunda-feira e o movimento social que se intensifica nas ruas demonstram que a mudança é possível, mas demandará esforço coletivo e uma reavaliação dos papéis de gênero na sociedade.

