A inteligência artificial está mudando a forma como os países lidam com a diplomacia e os assuntos internacionais, com decisões cada vez mais rápidas impulsionadas por tecnologias que aceleram a produtividade. Contudo, painel no BRIDGE Summit em Abu Dhabi alertou para os possíveis efeitos colaterais dessa velocidade, como a disseminação de informações não checadas em negociações e decisões estratégicas.
Desafios na velocidade e na verificação de informações na diplomacia
Elizabeth Churchill, professora de Interação Humano-Computador na Mohamed Bin Zayed University of Artificial Intelligence, destacou que o ritmo acelerado das decisões “pode ser prejudicial, especialmente quando baseadas em dados que podem não ser verificados”. Ela defendeu o desenvolvimento de ferramentas de IA transparentes e facilmente interrogáveis, capazes de marcar conteúdos com marcas d’água digitais para que decisores saibam se a informação é confiável.
O impacto da qualidade e da origem dos dados
Segundo Churchill, os problemas atuais de qualidade da informação “são, em grande parte, uma questão de design nas ferramentas de IA utilizadas”. Ela ressaltou ainda que a velocidade em que essas tecnologias se espalham varia globalmente, dependendo da infraestrutura disponível em cada região.
Desigualdades regionais e acesso à tecnologia
Kate Kallot, CEO da startup Amini, que trabalha com infraestrutura de dados, abordou os desafios na África e no Sul Global. Ela reforçou que a desigualdade na tecnologia é um obstáculo ao desenvolvimento dessas regiões, por conta da escassez de dados locais e da necessidade de ecossistemas de dados específicos para acelerar o progresso regional.
Perspectivas globais na construção de ecossistemas de IA
Noam Perski, vice-presidente do Palantir, evidenciou a tendência de o mundo se dividir em ecossistemas de IA entre China e EUA, além da possibilidade de uma configuração “tripolar” com investimentos contínuos no Oriente Médio. Para ele, o foco deve estar na aplicação dessas tecnologias à segurança, combate ao terrorismo e à manutenção da atividade econômica global.
O futuro da IA na política e na segurança mundial
Perski enfatizou que o sucesso dessas aplicações está em como as tecnologias são utilizadas para proteger as pessoas e manter operações comerciais, demonstrando que a aplicação prática na esfera global é a grande questão. Os debates apontam que, apesar dos avanços, há a necessidade de equilibrar velocidade, confiabilidade e impacto social na incorporação da inteligência artificial na diplomacia.
Segundo especialistas presentes no encontro, a rápida inovação traz vantagens, mas também situações de risco que requerem atenção e regulação cuidadosa para evitar decisões baseadas em informações imprecisas ou manipuladas.
A discussão no BRIDGE Summit evidencia que a integração da IA na governança mundial depende não apenas do desenvolvimento tecnológico, mas também de uma governança responsável, capaz de garantir segurança e transparência nas relações internacionais.



