No último período, a gestão do Rioprevidência e do fundo de previdência de Itaguaí (Itaprevi) movimentou mais de R$ 1 bilhão em investimentos em papéis do Banco Master, instituição que está sendo investigada pela Polícia Federal por suposta gestão fraudulenta. Os aportes foram realizados entre novembro de 2023 e julho de 2024, com destaque para a influência do partido União Brasil nas gestões relacionadas.
Contexto da aquisição
A capitalização financeira ocorreu em um período em que as autoridades já demonstravam preocupação sobre a viabilidade do Banco Master. Essa movimentação foi marcada pela nomeação de Fernanda Pereira da Silva Machado como presidente do Itaprevi, apenas duas semanas após assumir o cargo, ela já havia trabalhado no Rioprevidência sob a gestão de Deivis Marcon Antunes, que também tem vínculos com o União Brasil.
Conexões e decisões rápidas
Documentos obtidos mostram que Fernanda pediu demissão do Rioprevidência no mesmo dia em que foi oficialmente nomeada para o Itaprevi, um evento que levantou questionamentos sobre o tempo recorde entre sua saída de uma entidade pública e sua entrada em outra, especialmente com o aumento dos investimentos no Banco Master. Em reunião do comitê de investimentos do fundo de Itaguaí, as compras de letras financeiras do banco em questão somaram R$ 60 milhões em apenas uma semana. Este movimento se deu enquanto o Rioprevidência finalizava seus investimentos no banco, totalizando R$ 970 milhões até aquele momento, o que intensifica a suspeita sobre as decisões realizadas por esses dirigentes.
Indícios de irregularidades
Conforme apuração do Tribunal de Contas do Estado (TCE), as nomeações para os cargos de liderança no Rioprevidência elevaram o volume de investimentos como uma “notável coincidência”. Especialistas apontam que essa relação pode indicar uma manipulação dos processos de credenciamento e investimento, enfatizando a urgência em atender metas estabelecidas. A ata de uma reunião registrada em dezembro de 2024 revela que, apesar de as investigações do Banco Master já terem tomado forma, o conselho do Itaprevi decidiu prosseguir com as aquisições, expressando preocupações acerca da “situação crítica” do banco.
Defesa da advogada
Fernanda Silva, procurada para comentar as operações, negou que sua gestão tenha influenciado as decisões do Itaprevi e pediu a investigação de ações anteriores que teriam se concentrado em direção ao Banco Master. Em sua defesa, ela ressaltou a existência de falhas sistêmicas de fiscalização por parte do Banco Central, que contribuíram para que fundos de previdência pudessem investir em um banco sob suspeita.
Ela ainda destacou a necessidade de um pacto coletivo que inibisse a responsabilidade de diretores de investimentos, alegando que as falhas foram circunstâncias que provocaram um “apagão regulatório”. No entanto, a situação é complexa e envolve um entendimento mais detalhado sobre os processos em curso dentro das instituições financeiras relacionadas.
Consequências para o mercado e a confiança pública
A situação expõe preocupações sobre a confiança pública nas instituições financeiras e na gestão dos fundos previdenciários no Brasil. Com o cenário de incerteza econômica, é vital que haja uma prestação de contas e transparência em investimentos que afetam diretamente a vida de aposentados e futuros beneficiários. As decisões rápidas e a manutenção de antigos vínculos entre gestores e instituições levantam bandeiras vermelhas em um sistema que já enfrenta desafios estruturais profundos.
Em um panorama onde o controle e a responsabilização são cruciais, a observação de como as investigações se desdobrarão e a implementação de novas regulamentações se darão terá um impacto duradouro na percepção pública sobre a integridade do sistema financeiro do país. Isso inclui não apenas a necessidade de um regulamento mais rígido, mas também a urgência de adotar práticas de governança mais transparentes e responsáveis.
Por fim, enquanto a situação do Banco Master continua em destaque, os holofotes de importantes órgãos de fiscalização se voltam não apenas para esta instituição, mas também para as ligações e decisões tomadas pelas lideranças que gerenciam os recursos de milhões de brasileiros.



