Brasil, 8 de dezembro de 2025
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Denúncia de erros no atendimento à criança que morreu em Manaus

O caso trágico do menino Benício Xavier de Freitas, de apenas 6 anos, levanta questões sérias sobre a qualidade do atendimento médico no Brasil. O garoto, que faria 7 anos no dia de Natal, faleceu no dia 23 de novembro após receber uma dose incorreta de adrenalina no Hospital Santa Júlia, em Manaus (AM). Seus pais, Joice Carvalho e Bruno Freitas, relatam uma sucessão de erros e negligência durante o atendimento que levaram à morte da criança.

O quadro clínico e a decisão de levar Benício ao hospital

Benício apresentou sintomas preocupantes, como tosse seca e febre, levando sua mãe a decidir pelo atendimento médico. Ela suspeitava que o menino pudesse ter laringite. Após 14 horas dentro do hospital, a família recebeu a terrível notícia de que Benício havia falecido. O pai expressou sua indignação: “Nenhum pai, nenhuma mãe, leva seu filho para um hospital para morrer. Ainda mais da forma que o Benício morreu. Dessa sucessão de erros, dessa negligência que a gente verificou.”

Erro na prescrição de adrenalina

Na triagem do hospital, o estado de saúde de Benício não foi considerado grave, e logo ele foi atendido pela médica Juliana Brasil Santos. Durante a consulta, foi decidida a administração de adrenalina, mas sem a devida explicação. Um mês antes, em uma consulta anterior no mesmo hospital, o menino tinha sido tratado com adrenalina por inalação, um procedimento comum para casos leves de laringite.

A prescrição em si, no entanto, foi a principal causa do desastre. A médica indicou a administração de adrenalina pura, não diluída, na veia em três doses totalizando 9 miligramas. Após receber a injeção, Benício apresentou piora súbita de seu estado clínico, culminando em seis paradas cardíacas consecutivas e, finalmente, sua morte.

A reação dos pais e os erros na administração do tratamento

Joice, a mãe de Benício, relatou não ter questionado a administração da adrenalina porque acreditava que o tratamento seria feito por inalação. Quando percebeu que o soro injetável estava sendo preparado, questionou a enfermeira sobre o procedimento e, na resposta, foi informada que estava tudo conforme a prescrição da médica.

“Cadê a inalação para adrenalina? Sempre foi por inalação”, ressaltou Joice, referindo-se à sua preocupação com o tratamento do filho.

Após a aplicação da adrenalina, Benício começou a sentir dor no coração, e sua condição deteriorou rapidamente. A técnica de enfermagem, Raíza Bentes, foi chamada para trazer a médica, mas, em mensagens de WhatsApp, Juliana admitiu que havia cometido um erro na prescrição.

A morte de Benício e a investigação de homicídio

O menino foi rapidamente transferido para a sala de emergência e, posteriormente, para a UTI, onde passou por procedimentos críticos que, infelizmente, não conseguiram salvá-lo. O pai, emocionado, disse: “É uma dor muito grande que vou levar para a minha vida toda.” A polícia está investigando o caso como um homicídio, devido às evidências de uma “sucessão de erros” nos cuidados prestados ao garoto.

O delegado Marcelo Martins enfatizou a responsabilidade dos profissionais da saúde, afirmando que houve falhas na checagem dos medicamentos e na intubação do menino. Enquanto isso, a técnica de enfermagem, que se defende alegando seguir ordens, foi suspensa e realizou a prescrição sob a supervisão dela.

O futuro do caso e as consequências para os envolvidos

Juliana Brasil Santos, a médica responsável, foi afastada do hospital e agora responde a processos. Ela apresentou um vídeo explicando que o erro ocorreu devido a problemas no sistema de prescrição eletrônica. No entanto, essa alegação levanta questionamentos sobre a responsabilidade individual dos profissionais de saúde na condição de cheque duplo antes de ações que envolvem a vida dos pacientes.

Ainda assim, a médica conseguiu um habeas corpus para não ser presa durante as investigações, enquanto a legislação brasileira e as organizações de saúde estudam a implementação de medidas mais rigorosas para evitar que tragédias como a de Benício se repitam no futuro.

A morte de um menino tão jovem em decorrência de erros médicos é um lembrete sombrio da importância de um sistema de saúde que priorize a segurança do paciente. O caso permanece sob investigação e a busca por justiça continua, tanto para a família de Benício quanto para prevenir outros incidentes semelhantes.

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