Brasileiros qualificados que vivem em Portugal estão enfrentando obstáculos na regularização da residência e critiquem o tratamento da imigração pelo governo, especialmente após alterações na concessão de vistos de procura de trabalho. A falta de regulamentação de novas medidas e a burocracia excessiva têm causado insegurança e prejuízos emocionais aos imigrantes.
Fim do visto de procura de trabalho para todas profissões e impacto na imigração
O governo português anunciou o fim do visto de procura de trabalho para todas as profissões, limitando-o apenas a profissionais qualificados, o que evidencia a dificuldade do país em atender à demanda por talentos em diversas áreas. Atualmente, estima-se que haja uma falta de cerca de 20 mil profissionais especializados em tecnologia da informação (TI), uma das áreas mais afetadas.
Segundo o Portugal Giro, apenas uma empresa ajudou na imigração de dois mil brasileiros, fortalecendo a percepção de que a busca por talentos brasileiros é uma estratégia crucial para o mercado de trabalho em Portugal.
Reclamações sobre burocracia e dificuldades de regularização
Profissionais qualificados têm relatado uma série de obstáculos burocráticos, incluindo atrasos na tramitação dos processos de residência, dificuldades no reagrupamento familiar e exigências adicionais, como a declaração de honra de moradia.
Casos de brasileiros qualificados e suas dificuldades
Fernanda Coelho, engenheira de dados, planeja criar uma associação para apoiar trabalhadores qualificados com a regularização. Ela explica que, apesar de tudo estar em ordem com sua documentação, a burocracia redundante dificulta a obtenção de regularização, afetando seu trabalho e seu planejamento de vida em Portugal. Fernanda chegou ao país em 2022 com visto D3 e encontra dificuldades na renovação da residência, além de enfrentar problemas de viagem devido às exigências. “Enviei toda a documentação, mas pedem uma carta de compromisso de honra, que a proprietária não quis assinar”, relata.
Outro caso é de Arthur Costa, engenheiro de desenvolvimento, que chegou ao país no mesmo período. Ele também enfrenta dificuldades na renovação da autorização de residência, com exigências adicionais, como antecedentes criminais apostilados e assinatura do proprietário em uma juramentada de honra, mesmo com contrato regular. “Não posso viajar ao Brasil para visitar meu pai, que tem problemas de saúde gravíssimos”, afirma.
Burocracia, atrasos e a criação de uma associação de profissionais
Por trás dessas dificuldades está a falta de regulamentação clara das novas regras implementadas pelo governo, que, segundo profissionais, gera desgaste emocional, instabilidade e compromete planos pessoais e profissionais. Fernanda e outros profissionais planejam criar uma associação para dar visibilidade às suas demandas e oferecer suporte jurídico. Fernanda destaca: “Apesar de cumprirmos todas as obrigações, enfrentamos dificuldades e entraves que dificultam nossa permanência e evolução no país”.
A Agência para a Ação em Migrantes e Imigrantes (AIMA) lançou em novembro um site para agendamento de profissionais qualificados, mas as reclamações continuam a aumentar, sem resposta oficial às críticas feitas pelos imigrantes.
Perspectivas futuras e desafios para a imigração qualificada
Especialistas apontam que, sem regulamentações claras e processos mais ágeis, a política de imigração de Portugal pode perder talentos essenciais. A iniciativa do governo de restringir o visto de procura de trabalho às profissões qualificadas se manifesta na busca por limitar a entrada de imigrantes menos experientes, mas tem gerado tensões e insegurança entre os profissionais já no país.
Os brasileiros qualificados permanecem determinados a lutar por seus direitos e a buscar melhorias no sistema de imigração, que, segundo eles, precisa de maior transparência e simplificação. A criação de associações e a mobilização dos profissionais podem ser passos importantes rumo a uma maior regularização e inclusão no mercado de trabalho português.
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