Abel Braga, um dos maiores ídolos do futebol brasileiro, fez história em sua carreira não apenas em clubes como Fluminense e Internacional, mas também na Ponte Preta em 2003, onde desempenhou um papel crucial na permanência do clube na elite do Campeonato Brasileiro. Neste artigo, revisitamos a trajetória marcante de Abelão em momentos de crise e superação nos times que ajudou a comandar.
A jornada na Ponte Preta
No ano de 2003, a Ponte Preta enfrentava um cenário tenebroso, tanto nas quatro linhas quanto fora delas. Com salários atrasados por até oito meses, o clube viu 21 jogadores deixarem o time devido à indefinição financeira. Foi neste contexto desafiador que Abel Braga aceitou o desafio de treinar a Macaca, com a missão de evitar o rebaixamento na Série A.
Apesar das dificuldades, a postura de Abel ao se envolver diretamente nos problemas financeiros do clube fez toda a diferença. O treinador não hesitou em usar seus próprios recursos para garantir que jogadores com salários baixos recebessem ao menos um suporte. Em um ato emblemático, antecipou a concentração de oito atletas do time sub-20 para assegurar que eles tivessem alimentação durante os treinos.
A luta pela permanência
Após uma temporada repleta de pressão e desafios, a Ponte Preta chegou à penúltima rodada lutando contra o rebaixamento. Em um jogo complicado no Maracanã, a equipe empatou em 1 a 1 contra o Flamengo, o que deixou a situação crítica a ser resolvida na última partida do campeonato.
No dia 14 de dezembro de 2003, no estádio Moisés Lucarelli, a emoção esteve à flor da pele. O time enfrentou o Fortaleza e venceu por 2 a 0, com dois gols marcados por Gerson e Adrianinho. Essa vitória não só garantiu a continuidade da Ponte Preta na Série A, mas consolidou Abel Braga como um herói em Campinas.
Retorno ao Internacional
Anos depois, em 2023, Abel Braga foi chamado novamente para uma missão parecida, desta vez no Internacional. O clube gaúcho enfrentava um planeta de rebaixamento, e com apenas duas rodadas restantes, foi necessário um trabalho quase sobre-humano para evitar o que seria o segundo rebaixamento da história do clube.
Na última rodada, o Colorado jogou em casa e venceu o RB Bragantino por 3 a 1, conquistando assim a permanência na Série A. Apesar de a vitória ter sido zebra do destino e de ter sido impulsionada pela combinação favorável de resultados de outros times, o comando de Abel foi fundamental para o sucesso do projeto.
A importância do momento
Após a vitória, Abel Braga refletiu sobre a importância da permanência do Internacional na elite, afirmando que este feito competia com a conquista do Mundial de 2006, título conquistado contra o gigante Barcelona. Para Abel, a luta contra o rebaixamento revelou a verdadeira essência do futebol, onde trabalho em equipe e resiliência se tornam mais importantes do que títulos estonteantes.
Legado duradouro
As histórias de Abel Braga na Ponte Preta e no Internacional não são apenas sobre vitória ou derrota. Elas falam sobre humanidade, compaixão e o verdadeiro espírito esportivo. Abel vai muito além de ser apenas um treinador; ele é um símbolo de esperança e força para os atletas que tiveram a sorte de trabalhar com ele.
Com um legado que transcende o simples fato de ganhar jogos, Abel Braga se destaca como uma figura que sempre acredita em seus jogadores e na reabilitação das equipes em situações difíceis. Seja na Ponte Preta ou no Internacional, suas ações ressoam no coração dos torcedores e na memória do futebol brasileiro, mostrando que, às vezes, o esporte é mais do que gols e títulos – é sobre o impacto humano que se cria ao longo do caminho.
