No apogeu da corrida do ouro na Califórnia, a esposa de um minerador local enfrentava um problema comum. As calças de trabalho de brim de seu marido estavam rasgando, e seu alfaiate, Jacob Davis, resolveu inovar ao adicionar rebites de cobre em pontos de tensão, como os cantos dos bolsos e a parte inferior do botão. Essa ideia simples mas revolucionária, as “calças rebites”, se tornaram um grande sucesso e, sem saber, marcou o nascimento oficial do jeans, uma peça que viria a transformar a moda e a simbolizar os Estados Unidos no mundo.
A invenção do jeans e seu impacto cultural
O denim se tornou um motor principal de vendas para varejistas em todo o mundo. De acordo com a Euromonitor International, o mercado global de denim alcançou a marca de 101 bilhões de dólares este ano, um aumento de 28% em relação a 2020. Marcas como American Eagle e Levi Strauss estão em uma corrida para dominar esse mercado, utilizando celebridades como Sydney Sweeney e Beyoncé para atrair consumidores e impulsionar vendas em uma economia instável.
Se não fosse Levi Strauss, fundador da famosa marca de jeans, a invenção de Davis talvez não tivesse ido além da cidade onde foi criada no início dos anos 1870. Strauss, um imigrante nascido na Baviera, estava administrando um negócio por atacado de sucesso em São Francisco e, ao ser contatado por Davis, viu uma oportunidade de negócio. Em uma carta, Davis explicou: “O segredo dessas calças são os rebites que coloquei nos bolsos e encontrei uma demanda tão grande que não consigo fabricá-las rapidamente o suficiente.”
Como Levi Strauss transformou as calças em uma marca mundial
Após receber a proposta de Davis, Strauss, conhecido por sua astúcia, decidiu se tornar parceiro dele. Em 20 de maio de 1873, eles conseguiram patentear as calças rebites e abriram uma fábrica na Fremont Street, próxima ao moderno distrito financeiro de São Francisco. Prometendo oferecer aos trabalhadores as calças mais duráveis do mercado, rapidamente o negócio prosperou. As overalls (calças de trabalho) da empresa logo se espalharam pelo país, tornando-se a vestimenta favorita dos homens trabalhadores: mineiros, cowboys e fazendeiros, todos precisavam de roupas resistentes.
Inicialmente, os jeans eram reservados apenas para uso profissional, mas à medida que novos fabricantes de denim surgiram, começaram a diversificar seus produtos para aumentar as vendas. Com o tempo, em 1934, Levi lançou a primeira linha de jeans para mulheres, e a peça começou a ganhar popularidade em atividades fora do trabalho, como acampamentos e passeios a cavalo. As calças passaram a ser promovidas como “duds de rancho” e “vestuário autêntico de montanha”, capturando a atenção de consumidores que buscavam conforto e estilo.
Os jeans na cultura americana pós-guerra
A mudança mais significativa ocorreu após a Segunda Guerra Mundial, quando o consumidor americano emergiu. Durante anos, as pessoas foram forçadas a lidar com a escassez de bens e a racionar seus consumos, mas com a transição para a era da paz, o desejo por roupas casuais e divertidas cresceu. Jeans começaram a ser aceitos como vestuário casual, e os fabricantes começaram a promovê-los para o público jovem, adotando estratégias de marketing que destacavam a versatilidade da peça.
Na década de 1960, os jeans se tornaram um símbolo da contracultura e do movimento hippie, aparecendo em filmes e frequentemente associados a uma estética rebelde. A década de 1970 trouxe os icônicos modelos de boca-de-sino e um mercado em expansão de “jeans de grife”, com marcas como Calvin Klein ganhando destaque. Desde então, o jeans se consolidou como um marco na moda global, adaptando-se às tendências ao longo dos anos, mas mantendo sua essência como uma peça de vestuário atemporal.
Como afirmou a historiadora da moda Sonya Abrego, “este design é de 1873. O que mais podemos encontrar nas ruas de hoje que tenha essa continuidade? É impressionante pensar assim. Embora possamos discutir as mudanças na fabricação e os diversos estilos, continua a ser um par de jeans, reconhecível em qualquer época.” Essa durabilidade e apelo universal fazem do jeans não apenas uma peça de vestuário, mas um ícone duradouro da cultura americana.
Para mais informações sobre a história do jeans e sua evolução, consulte este artigo.



