Embora tecnologias como smartphones, computadores e inteligência artificial avancem rapidamente, as calculadoras físicas continuam vendendo milhões de unidades anualmente ao redor do mundo. Segundo a Casio, em seu último ano fiscal, a fabricante comercializou 39 milhões de calculadoras em cerca de cem países, evidenciando a permanência desse dispositivo na rotina de estudantes e profissionais.
Razões para a persistência das calculadoras tradicionais
Embora a inteligência artificial (IA) já seja capaz de realizar cálculos complexos e de substituir a calcualdora tradicional em diversas situações, as calculadoras continuam sendo ferramentas essenciais. “Elas são mais acessíveis que computadores e smartphones, menos frágeis e funcionam com pilhas ou energia solar, o que as torna confiáveis para escolas, especialmente em países em desenvolvimento”, explica Tomoaki Sato, executivo do grupo japonês Casio.
Além disso, as calculadoras físicas oferecem praticidade para demonstrações e cálculos rápidos, além de facilitar a visualização de números durante aulas ou atendimentos comerciais. “Você pode digitar e mostrar os números ao cliente, evitando mal-entendidos por causa do idioma”, afirma Ryohei Saito, diretor da divisão tailandesa da Casio.
Resistência histórica e valor educacional
Desde a invenção da primeira calculadora moderna, a Casio reconhece a importância do aparelho, que remonta a 1957, com o lançamento da “14-A”, a primeira calculadora elétrica compacta. Antes disso, a história inclui dispositivos como a “Pascaline”, criada por Blaise Pascal em 1642.
Apesar do avanço da IA, as máquinas de cálculo continuam sendo confiáveis e livres de erros frequentes que, por vezes, afetam até robôs conversacionais como o ChatGPT. Tomoaki Sato destaca que “as calculadoras sempre dão a resposta correta”, uma vantagem que não se perde mesmo com melhorias tecnológicas.
Perspectivas futuras e impacto no mercado
A tendência, segundo especialistas, é que as calculadoras físicas gradualmente desapareçam, sobretudo na esfera educacional e em pequenos negócios. Gregor Dolinar, professor de engenharia na Universidade de Liubliana, na Eslovênia, observa que “elas vão desaparecer progressivamente”, pois os alunos já se habituaram a usar seus telefones para realizar cálculos.
Por outro lado, a resistência vem do fato de que, em muitas regiões, a conectividade ainda não chega de forma universal às escolas e ao comércio local, o que garante uma demanda contínua por calculadoras tradicionais. “Nem todo mundo tem acesso à internet ou a smartphones avançados, e as calculadoras focadas em funções essenciais ainda representam uma ferramenta supervalorizada”, afirma Ryohei Saito.
Por ora, as calculadoras continuam a exercer um papel fundamental, mesmo em um mundo cada vez mais dominado por IA e dispositivos inteligentes.
Fonte: O Globo

