O presidente da Conferência Episcopal Nacional do Congo (CENCO) anunciou nesta semana a construção de um santuário dedicado à Blessed Marie-Clémentine Anuarite Nengapeta, mártir congolesa beatificada em agosto de 1985.
Significado e impacto da iniciativa no cenário religioso e social
Ao lançar oficialmente a obra no dia 1º de dezembro, o arcebispo Fulgence Muteba Mugalu descreveu a vida de Anuarite como um exemplo de esperança e resistência diante de um país marcado por violência e injustiça social. O santuário, que será construído na Diocese de Isiro-Niangara, pretende ser um espaço de memória e espiritualidade para fiéis e peregrinos.
Segundo o arcebispo, essa iniciativa ocorre em um momento emblemático para a Igreja no país, próximo ao encerramento do Ano Jubilar da Igreja Católica 2025, cujo tema é “Peregrinos da Esperança”.
Memória e liderança de Anuarite como símbolo de esperança
Muteba destacou que a história de Anuarite reflete coragem moral, fé firme e esperança inabalável, atributos que ela entregou ao Senhor até o sacrifício supremo. “Celebramos a vida dela neste dia, que também marca o início da construção de um grande santuário dedicado à sua memória”, afirmou o líder da Igreja congolense.
Para ele, o santuário servirá como um local digno para honrar seu legado e como fonte de inspiração para os fiéis. “Anuarite é um símbolo de esperança para o povo do Congo, especialmente para as mulheres e crianças vítimas da violência, além de ser um sinal de paz e reconciliação em um país marcado por conflitos e insegurança constante”, completou.
Reconhecimento da coragem e do sacrifício de Anuarite
Anuarite Nengapeta nasceu em 29 de dezembro de 1939, a quarta de seis irmãs. Aos 20 anos, deixou sua família contra a vontade da mãe para ingressar na Congregação das Irmãs da Sagrada Família de Kisiangani, assumindo o nome de Marie-Clementine após sua profissão religiosa.
Durante a rebelião de Mulele em 1964, ela foi sequestrada por rebeldes Simba, que suspeitavam de sua cooperação com estrangeiros e religiosos. Apesar de suas tentativas de escapar, foi brutalmente assassinada em 1º de dezembro daquele ano, ao resistir a um ataque que resultou em sua morte por ferimentos de arma de fogo após um ato de coragem, ao dizer: “Perdoai-os, porque não sabem o que fazem.”
Seu corpo foi sepultado inicialmente em uma vala comum, mas posteriormente exumado e transferido para a Catedral de Isiro, no nordeste do Congo. Sua beatificação pelo Papa João Paulo II ocorreu em 1985, na presença de milhares de fiéis e figuras políticas da época, tornando-se a primeira mulher bantu a receber tal reconhecimento na Igreja Católica.
Atualmente, Anuarite é patrona da Rede Católica Africana contra a Aids e símbolo de esperança e resistência em toda a África. Sua história de fé e coragem inspira diversas ações no país, que busca superar conflitos através da espiritualidade e do exemplo de suas mártires.
Próximos passos e esperanças para o povo congolês
O arcebispo Muteba expressou sua gratidão por todo apoio recebido, incluindo o respaldo do governo, que destinou recursos inicialmente previstos para outras celebrações, visando à construção do santuário. Ele também ressaltou que, embora avanços tenham sido feitos, ainda há muito por realizar na promoção da paz e da dignidade humana, desejando que o santuário seja um símbolo de esperança e renovação para o Congo.
“Que as contribuições de cada um possam ajudar a manter viva a esperança em nossas vidas, promovendo a paz e a unidade nacional”, concluiu o líder religioso, reforçando o compromisso da Igreja com o desenvolvimento espiritual e social da nação.

