O arcebispo Timothy Broglio, líder da Arquidiocese para os Serviços Militares nos Estados Unidos, pediu aos líderes do país que evitem a morte de civis durante as operações militares contra os cartéis de drogas no Caribe e no Pacífico. A declaração foi divulgada na quarta-feira, 3, em meio às recentes ações agressivas do governo de Donald Trump na região.
Críticas às ações militares dos EUA
Desde o final de 2025, o governo americano tem realizado ataques a suspeitos operadores de cartéis de drogas que atuam na região, especialmente em embarcações e rotas marítimas. No entanto, algumas dessas operações têm suscitado críticas internacionais, principalmente após uma ofensiva em 2 de setembro, na qual uma embarcação suspeita de contrabando foi alvo de dois ataques, resultando na morte de suspeitos que sobreviveram ao primeiro disparo.
Ética na guerra e respeito à dignidade humana
Ao emitir sua mensagem, Broglio afirmou que “desmantelar as redes criminosas responsáveis pelo fluxo de drogas é uma tarefa necessária”, mas destacou que “o uso da força deve ser moral e legal”. Ele reforçou que a teoria da guerra justa, fundamentada na ética cristã, exige respeito à dignidade de cada pessoa, incluindo suspeitos que não representam ameaça imediata.
“Nenhum militar pode receber ordem para cometer atos imorais, como matar civis que não oferecem risco à integridade das tropas”, afirmou Broglio. Ele destacou que o bloqueio, abordagem ou prisão de suspeitos, com o devido processo legal, são métodos legítimos de combate ao tráfico, ao contrário de ataques indiscriminados que violam princípios legais e morais.
Compromisso com os valores democráticos e a tradição militar
O também ex-presidente da Conferência Nacional dos Bispos dos Estados Unidos (USCCB) lembrou a longa tradição do país de promover justiça, libertar os oprimidos e liderar o mundo livre, enfatizando que esses valores não podem ser sacrificados por ações questionáveis que desrespeitem a dignidade humana.
“A verdadeira justiça requer transparência, responsabilidade e respeito à vida humana — não violência fora da lei”, afirmou Broglio, ressaltando a importância de seguir os princípios do direito internacional e evitar ações que possam prejudicar a reputação do país.
Recomendações para uma ação militar ética
O arcebispo sugeriu ainda que as forças militares podem e devem evitar consequências trágicas através de procedimentos legais, como interceptações, abordagens e prisões com garantias processuais. Para Broglio, tais ações permitem combater o crime organizado sem sacrificar os valores morais que sustentam a legislação democrática.
Impacto e próximas etapas
Na sua declaração, Broglio enfatizou que líderes e militares devem agir de forma ética, reforçando a integridade do país diante do mundo. Segundo ele, “a resposta à injustiça deve ser sempre pautada na moralidade, na legalidade e na proteção da dignidade humana”, evitando ações que possam gerar um efeito negativo na reputação internacional dos EUA.
O arcebispo finalizou sua fala afirmando que a missão militar deve refletir valores que também são essenciais na vida de civis e no exercício da fé, lembrando que “a verdade e a justiça se fundamentam na moralidade que respeita a dignidade de todos”.


