Os primeiros trens do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Salvador e região metropolitana foram apresentados nesta quarta-feira (3), em um evento significativo na Avenida Paralela, uma das principais vias da capital baiana. Este marco representa um passo importante para a mobilidade urbana da região, com testes programados para iniciar no começo de 2026.
Detalhes sobre os trens e a obra
De acordo com informações do governo da Bahia, a composição apresentada foi fabricada pela Construcciones y Auxiliar de Ferrocarriles (CAF) em Hortolândia, São Paulo. A unidade conta com sete módulos, que são divididos em três seções, e passou por ajustamentos técnicos antes de ser enviada à Bahia. A expectativa é que essa nova modalidade de transporte contribua para a eficiência e conforto da locomoção dos cidadãos baianos.
Além da apresentação dos trens, a obra do VLT avançou em outubro com a chegada dos trilhos que serão utilizados no Trecho 2 do sistema, ligando os bairros de Paripe e Águas Claras. Os trilhos já estão sendo instalados entre a rotatória do Hospital do Subúrbio e Águas Claras, marcando mais uma etapa na implementação do projeto que visa revitalizar a mobilidade do subúrbio.
Financiamento e investimentos
Em setembro, o governo da Bahia garantiu um financiamento de R$ 600 milhões através da Caixa Econômica Federal, com o intuito de custear as obras de mobilidade urbana, tendo o projeto do VLT como destaque principal. Com um investimento total de R$ 5,4 bilhões, o sistema deve se estender por 40 km de trilhos e oferecer 42 paradas, além de promover o emprego de mais de 2 mil trabalhadores envolvidos no projeto que já dura 14 meses.
De acordo com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), que junto a 20 lideranças comunitárias visitou a fábrica dos trens, as obras buscam não apenas melhorar o transporte público, mas também integrar a população ao modernizado sistema. O VLT promete contar com Wi-Fi gratuito em 35 pontos, catracas automáticas, integração com o metrô por fibra óptica, e segurança reforçada com câmeras de inteligência artificial e painéis digitais.
Reclamações de moradores
Contudo, o projeto não está livre de controvérsias. Moradores do bairro de Plataforma estão expressando descontentamento em relação às desapropriações que estão sendo realizadas para a construção do VLT. Eles alegam que foram pegos de surpresa e que não houve reuniões adequadas para discutir o projeto. Casas marcadas para desapropriação têm causado preocupação e insegurança entre as famílias que residem no local.
Zilda Cezar, uma das moradoras afetadas, relatou que as desapropriações foram realizadas sem aviso adequado, pois inicialmente apenas seis casas receberam a notificação, enquanto as demais foram surpreendidas com a visita de assistentes sociais. A Companhia de Transportes da Bahia (CTB), responsável pela obra, esclareceu que as desapropriações foram baseadas em critérios técnicos de engenharia e urbanismo.
A CTB reforçou que cada caso está sendo analisado individualmente e que o diálogo com as famílias será uma prioridade, levando em consideração a legislação e a situação de cada uma. Entretanto, moradores como Gabriele Santos se sentem pressionados, pois aqueles que aceitam a indenização têm um mês para desocupar, enquanto os que optam por não aceitar devem buscar auxílio legal.
O futuro do VLT em Salvador
O VLT de Salvador terá um impacto significativo na mobilidade urbana da região metropolitana, permitindo uma melhor conexão entre diferentes áreas, além de contribuir para a redução do tráfego e melhora na qualidade do transporte público. Com as obras do sistema em andamento, incluindo Trecho 1, que já apresenta 33,79% de avanço, e Trecho 2 com 19,99%, a expectativa é que o sistema fique totalmente funcional até 2028.
O progresso do VLT não só representa um avanço para o transporte público na Bahia, mas também uma oportunidade de revitalização para as áreas impactadas, preservando a história e a cultura local ao mesmo tempo em que moderniza a infraestrutura urbana.


