O julgamento dos integrantes da ex-cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, prossegue com a condenação de cinco dos sete réus. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, acompanhou o voto do relator do processo, Alexandre de Moraes, que já havia se manifestado a favor da condenação. O julgamento, que se encontra em andamento, está previsto para terminar em 5 de dezembro.
O que levaram ao julgamento
Os réus são acusados de omissão em suas funções durante os tumultos que resultaram na invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília. A Procuradoria-Geral da República (PGR) argumenta que os comandantes da PMDF falharam em adotar medidas adequadas de policiamento e contenção, mesmo tendo informações prévias sobre os riscos. A ação da PGR defende que, ao não agir, eles facilitaram os ataques, o que os caracteriza como coniventes com as atividades golpistas.
Quem são os réus e as acusações
Os cinco integrantes que estão sendo condenados incluem:
- Fábio Augusto Vieira (comandante-geral da PMDF na época);
- Klepter Rosa Gonçalves (subcomandante-geral);
- Jorge Eduardo Barreto Naime (coronel da PMDF);
- Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra (coronel da PMDF);
- Marcelo Casimiro Vasconcelos (coronel da PMDF).
O voto de Moraes propõe penas severas, incluindo 16 anos de reclusão em regime fechado e a perda dos cargos públicos dos condenados. O ministro afirmou que as condutas omissivas de seus mandos são relevantes e indicam uma anuência tácita aos acontecimentos do dia 8 de janeiro.
Os argumentos de defesa e a posição da Justiça
As defesas dos réus, por sua vez, negam as irregularidades apontadas e solicitam a absolvição, alegando falta de provas contundentes. Segundo as defesas, não existiria evidência de que os réus poderiam ou deveriam ter atuado para prevenir os eventos, sendo que a responsabilidade sobre a segurança do local envolvia muitos outros fatores e autoridades.
A decisão do STF e as acusações da PGR revelam um cenário de intensa politicagem e responsabilidades contestáveis, onde para a procuradoria, a posição de garantia dos policiais militares obriga-os a zelar pelo Estado Democrático de Direito.
A segurança dos réus
Atualmente, os sete réus estão em liberdade provisória, mas utilizando tornozeleiras eletrônicas como medida cautelar. Eles têm restrições significativas, como proibição de deixar a cidade e de usar redes sociais. A Justiça também impôs que eles se apresentem semanalmente e que seus passaportes sejam cancelados.
O ministro Alexandre de Moraes tem acompanhado de perto o cumprimento dessas medidas e exigido atualizações diárias sobre a situação das tornozeleiras eletrônicas dos réus. Essa esporte regulatório mostra o rigor da Justiça brasileira em manter vigilância sobre aqueles que podem ser considerados uma ameaça para a ordem pública.
Próximos passos no julgamento
Com o julgamento ainda em andamento e várias testemunhas a serem ouvidas, o desenrolar deste caso é um reflexo da luta pela responsabilização no sistema de segurança pública. O resultado não apenas impactará os acusados, mas também poderá influenciar a aplicação de leis em casos futuros sobre omissões de dever de ofício por parte de autoridades.
As próximas semanas prometem ser decisivas nesta questão, e a expectativa em torno do julgamento permanece alta tanto por parte da sociedade quanto das autoridades. O resultado pode marcar uma nova etapa de accountability na segurança pública brasileira, evidenciando a importância da responsabilidade e vigilância por parte de quem ocupa cargos de poder.
Acompanhemos as atualizações sobre esse importante caso no quadro das relações entre o Estado e seus cidadãos.



