O cenário econômico do Brasil em 2025 terminou de forma melhor do que o esperado, segundo análises do economista Mansueto Almeida, do BTG Pactual. Variáveis como inflação, câmbio e emprego surpreenderam positivamente em relação às projeções feitas no início do ano, refletindo uma recuperação mais sólida na estabilidade macroeconômica.
Inflação menor e cenário de estabilidade
Depois de uma previsão inicial de inflação de 6% para o ano, o Índice de Preços ao Consumidor fechou 2025 em torno de 4,4%, enquanto a inflação de alimentos, que chegou a projetar até 9%, encerrou o ano em apenas 1,35%. \”Houve uma queda muito forte na inflação de alimentos, que deve ficar em média cerca de 3% ao longo de todo o governo\”, afirmou Mansueto. Este resultado reflete o fortalecimento da política monetária e o controle dos preços no mercado interno.
Política monetária e o papel dos juros
Apesar do esforço do Banco Central em elevar as taxas de juros — com o aumento das taxas de juros reais que chegaram a 10% — a inflação convergiu para a meta oficial de 3%, embora o Banco tenha tido que escrever duas cartas explicando o não cumprimento da meta neste ano. \”A expectativa é que o ciclo de cortes de juros comece em janeiro de 2026, com o cenário de inflação em queda e perspectivas positivas para os próximos meses\”, destacou Mansueto.
Mercado de trabalho e consumo surpreendem
Uma das maiores novidades foi o consumo, que se manteve forte mesmo com a desaceleração da economia. Durante a Black Friday, por exemplo, houve um volume recorde de operações no Pix, totalizando 297 milhões de transações e R$ 160 bilhões movimentados. Além disso, o desemprego atingiu 5,4% — o menor nível da série histórica, apesar das expectativas iniciais de aumento devido ao aumento dos juros.
Desemprego e força da economia
Embora o Banco Central tenha elevado os juros para conter a inflação, a taxa de desemprego caiu de forma consistente, o que indica uma economia resistente. \”O comportamento do desemprego mostra que a economia está se ajustando mais rapidamente do que o previsto, com uma força de trabalho que ainda mantém o crescimento\”, explicou Mansueto.
Perspectivas para o próximo ano
As projeções de inflação para 2026 indicam uma estabilidade com previsão de cerca de 4%, uma melhora significativa em relação às estimativas do início do ano, que apontavam 6%. Com a inflação controlada, há fortes indícios de que o Banco Central iniciará um ciclo de redução da taxa Selic em breve, contribuindo para uma atuação mais relaxada na política monetária.
O PIB do terceiro trimestre deve mostrar uma desaceleração, com previsão de crescimento próximo de 0,2%, apesar da alta dos juros reais e das dificuldades globais. Essa economia que desacelera sem recuar reforça o quadro de uma recuperação sustentada, mesmo que moderada — que surpreendeu analistas e investidores ao longo do ano.
Mais detalhes sobre o desempenho econômico de 2025 podem ser conferidos na coluna de Miriam Leitão.


