O caso de importunação sexual envolvendo o personal trainer Maurício Brasil ganhou novos contornos em Salvador, após a enfermeira e influenciadora digital Maria Emília ter denunciado o profissional. A delegada Marita Souza, responsável pela investigação, revelou que já existem nove queixas formalizadas contra o personal trainer, e outras mulheres estão sendo incentivadas a se manifestar. A gravidade das acusações levanta questões sobre a segurança das mulheres em ambientes de trabalho e as consequências das denúncias de assédio.
O apelo por mais denúncias
Durante uma entrevista à TV Bahia, a delegada Marita Souza fez um apelo para que outras mulheres que tenham sido vítimas de Maurício Brasil compareçam à delegacia para registrar suas experiências. “Precisamos que outras mulheres relatem os abusos para que possamos instaurar os procedimentos e investigar como manda a lei”, declarou a delegada.
Maria Emília, após tornar público seu caso, recebeu mais de 40 mensagens de mulheres que relataram abusos semelhantes. “É um alicerce de força que mostra que não estamos sozinhas”, afirmou. Ela também comentou sobre o impacto emocional que o caso causou e a lentidão da investigação, que não a permitiu ser ouvida até o momento.
Os detalhes da denúncia
A denúncia de Maria Emília foi registrada uma semana após o episódio, em que ela descreveu estar incomodada com o comportamento do personal trainer. Segundo ela, na primeira consulta, Maurício Brasil exigiu que ela realizasse a avaliação física de biquíni, alegando que era a única forma adequada. O que se seguiu foi uma série de procedimentos que a deixaram desconfortável, incluindo aproximações excessivas durante avaliações que ela considerava invasivas.
“Em um momento, ele pegou minha mão e colocou no órgão genital dele. Fiquei paralisada e, depois, consegui sair do local”, relatou a enfermeira. Ela buscou apoio jurídico e decidiu registrar o boletim de ocorrência, se sentindo culpada por não ter reagido imediatamente, mas entendendo que essa é uma resposta comum em situações de violência.
A resposta das autoridades
Em resposta ao caso, a Polícia Civil está conduzindo as investigações e já analisou relatos de outras vítimas. Foram feitas diligências e a 16ª Delegacia Territorial da Pituba está responsável por ouvir as testemunhas e as vítimas. Além disso, o Conselho Regional de Educação Física da 13ª Região – Bahia (CREF13/BA) manifestou seu apoio às vítimas e instaurou procedimentos administrativos para analisar o caso sob o rigor do Código de Ética da profissão.
O medo e a vergonha das vítimas
No entanto, muitas das mulheres que se aproximaram de Maria Emília expressaram medo e vergonha de denunciarem os abusos. Algumas sequer tinham coragem de contar para familiares ou parceiros sobre suas experiências. A enfermeira fez um apelo final: “Quem já passou por isso, não fique só nas redes sociais. Tenham coragem e venham até a delegacia denunciar. Juntas, somos mais fortes.”
Esses relatos destacam a urgência em abordar as questões de assédio e violência contra as mulheres, que continuam a ser uma realidade alarmante no Brasil. A coragem de Maria Emília em trazer à tona sua experiência e a de outras mulheres é um passo importante na luta contra o abuso e na busca pela justiça.
O silêncio e a impunidade são as maiores forças do abuso; por isso, a importância de se fazer ouvir, enquanto o sistema busca garantir a proteção e a dignidade das vítimas.
Essa situação serve como um lembrete de que as vítimas devem ter voz e que a sociedade precisa apoiar a mudança. As mulheres têm o direito de se sentir seguras e respeitadas em todos os momentos, e a luta por esse direito ainda precisa ser reforçada.



