Na última segunda-feira (1/12), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) manifestou apoio ao irmão, Flávio Bolsonaro, e ao deputado André Fernandes após polêmica gerada pelas declarações da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. O atrito surgiu durante um evento do PL no Ceará, onde Michelle criticou o apoio do partido ao ex-governador Ciro Gomes (PSDB), o que gerou reações de outros membros da família Bolsonaro.
Reações da família Bolsonaro
Eduardo Bolsonaro afirmou que a crítica de Michelle a Fernandes foi “injusta e desrespeitosa”. Em suas palavras, o deputado destacou que não se trata do mérito da aliança, mas sim de que Fernandes estava agindo sob uma orientação do pai, Jair Bolsonaro. “Meu irmão Flávio Bolsonaro está correto. Não vou entrar no mérito de ser um bom ou mau acordo, foi uma posição definida pelo meu pai. André não poderia ser criticado por obedecer o líder”, disse Eduardo.
Flávio, por sua vez, se manifestou de maneira mais contundente, criticando a abordagem da madrasta. Ele apontou que a ex-primeira-dama “atropelou o próprio presidente Bolsonaro, que havia autorizado o movimento de André no Ceará”. Flávio lembrou que o tratamento dado a Fernandes, uma figura significativa nas lideranças locais, foi “autoritário e constrangedor”. Essas palavras indicam um racha na comunicação entre os membros da família, colocando em evidência as tensões no seio da militância bolsonarista.
As declarações de Michelle Bolsonaro
Durante o evento do PL, Michelle Bolsonaro destacou sua desaprovação ao apoio a Ciro Gomes. Ela afirmou: “É sobre essa aliança que vocês [PL] se precipitaram a fazer. […] Fazer aliança com o homem [Ciro] que é contra o maior líder da direita isso não dá.” Nesta fala, a ex-primeira-dama criticou a oposição de Ciro Gomes a Jair Bolsonaro, alegando que não há espaço para tal aliança, dado o histórico de críticas do ex-governador à família Bolsonaro.
Ela destacou ainda que a busca por pacificação e unidade dentro do partido deve prevalecer, mas ressaltou que a postura de Ciro Gomes contradiz essa meta: “A pessoa continua falando que a família é de ladrão, é de bandido”, referindo-se às ofensas proferidas por Gomes em relação ao ex-presidente.
Troca de farpas e desentendimentos internos
A troca de acusações não parou por aí. O deputado André Fernandes, líder do PL no Ceará, respondeu diretamente às críticas de Michelle. Ele mencionou uma reunião ocorrida em maio onde Jair Bolsonaro havia assinalado apoio a Ciro Gomes e afirmado que Fernandes deveria entrar em contato com o ex-governador. “A esposa do ex-presidente vem e tenta chegar aqui e dizer que a gente fez uma movimentação errada, sendo que o próprio presidente Bolsonaro, no dia 29 de maio, pediu para a gente ligar para Ciro Gomes no viva-voz”, declarou Fernandes, defendendo a decisão do partido diante das instruções do presidente.
Esse imbróglio denota um cenário turbulento nas relações políticas da família Bolsonaro, refletindo as divisões ao interno do PL e a dificuldade em estabelecer um discurso coeso em relação a alianças políticas, especialmente em tempos de polarização. O apoio a figuras como Ciro Gomes, visto por muitos como uma controvérsia, expõe a fragmentação de posicionamentos, não apenas na política, mas também entre familiares.
Fica claro que o embate dentro da família Bolsonaro pode ter repercussões significativas na estratégia e unidade do partido, em um momento onde coesão é vital para enfrentar os desafios políticos que se aproximam. A situação demanda um posicionamento claro e unificado do PL se quiser manter sua relevância no cenário politico brasileiro.
O desenrolar deste conflito familiar poderá influenciar as futuras alianças e estratégias que o partido irá adotar, especialmente em um cenário eleitoral cada vez mais disputado. As próximas semanas serão decisivas para avaliar se as tensões internas serão superadas ou se deixarão marcas profundas na relação entre os membros da família e entre o partido e seu eleitorado.
