Brasil, 30 de dezembro de 2025
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Controvérsias em torno do supercomputador de Elon Musk em Memphis

Projeto de inteligência artificial gera preocupações ambientais e sociais na comunidade local.

A cidade de Memphis, no Tennessee, se tornou o lar do Colossus, o maior supercomputador de inteligência artificial do mundo, idealizado por Elon Musk. Contudo, essa instalação ambiciosa não está isenta de críticas. Muitas vozes na comunidade local se levantam contra os impactos ambientais e sociais que a presença desse gigante tecnológico está trazendo para a região.

Colossus: O que é e como funciona?

Localizado às margens do rio Mississippi, o Colossus é um verdadeiro titã da tecnologia. Este supercomputador será responsável por desenvolver o Grok, um chatbot que Musk espera que supere o ChatGPT em complexidade e eficiência. O projeto, que demanda 1,1 gigawatts de energia, absorve uma quantidade de água equivalente a uma piscina olímpica por dia apenas para resfriar os seus potentes processadores.

Com uma segurança robusta, incluindo cercas e câmeras de vigilância, a instalação já está atraindo atenção não só por sua magnitude tecnológica, mas também pela preocupação com o ambiente e a saúde pública. Embora muitos vejam a tecnologia como uma evolução, existem residentes que temem que a operação do supercomputador em sua vizinhança venha a piorar a qualidade do ar e a saúde da população local.

Resistência da comunidade

No bairro de Boxtown, onde a maioria da população é negra e muitos residentes são descendentes de escravos, o clima é de desconfiança e temor. Sarah Gladney, uma moradora de 71 anos, expressa seu desconforto: “O cheiro ficou diferente, agora parece mais um tipo de cheiro químico.” Além disso, a instalação é vista como um possível culpado pela deterioração adicional da qualidade do ar em uma área que já luta contra problemas de poluição e doenças respiratórias.

Willie Joe Stafford, um residente aposentado, relaciona seus problemas de saúde e os da comunidade ao que acredita ser a poluição causada pelo Colossus. Outros, como Batsell Booker, expressam indignação pelo fato de que os lucros da tecnologia parecem ocorrer às custas da saúde e bem-estar da população local.

Investimentos e promessas de Musk

Musk se comprometeu a não drenar os aquíferos da cidade e anunciou a construção de uma estação de tratamento de água no valor de 80 milhões de dólares, um investimento que é visto como uma necessidade há muito pedida pela comunidade. Entretanto, a maioria das pessoas expressa ceticismo em relação ao potencial da tecnologia de criar empregos significativos no setor. Os planejadores urbanos indicam que, ao contrário do que muitos esperavam, Colossus não será uma fonte grande de novas oportunidades de trabalho para os residentes locais.

A resposta da xAI e o papel da mídia

Quando questionada sobre as preocupações da comunidade em relação à qualidade do ar, a resposta da xAI, empresa de Musk, foi sucinta: “A mídia legada mente.” Essa reação deixou os residentes frustrados e sem respostas adequadas a questões pertinentes que afetam suas vidas diárias. Como alternativa, muitos viraram-se para Grok, o próprio chatbot da xAI, em busca de respostas, refletindo a ironia de depender de uma tecnologia que muitos acreditam estar prejudicando a comunidade.

Quando Sarah Gladney perguntou a Grok sobre investimentos em Boxtown, o chatbot respondeu que não havia anúncios públicos de nenhum tipo de contribuição financeira. Embora a cidade tenha coletado 13 milhões de dólares em impostos desde a operação do Colossus, a desconfiança persiste. Vários moradores acreditam que, apesar de algumas promessas, o impacto real sobre a qualidade de vida local continua sendo uma preocupação sem respostas claras.

Uma luta por justiça e representatividade

Os protestos liderados pelo deputado estadual Justin Pearson revelam a luta por justiça social e econômica. Pearson e outros líderes comunitários questionam o porquê de uma área historicamente negligenciada estar acolhendo um gigante tecnológico em detrimento das necessidades reais da população. Eles pedem um investimento que transforme suas vidas de maneira significativa, mais do que a simples presença de um colosso da tecnologia como o Colossus.

“A tecnologia é bem-vinda, mas deve vir acompanhada de responsabilidade social e respeito pelas comunidades afetadas”, afirma Pearson. A busca por um equilíbrio entre inovação e justiça social se torna cada vez mais necessária à medida que a influência das tecnologias emergentes se expande nas comunidades vulneráveis.

À medida que a narrativa dos supercomputadores avança, a batalha em Memphis é apenas um vislumbre das complexas interações entre tecnologia, política e comunidades históricas. Em um mundo em rápida evolução, a esperança é que as lições aprendidas nestes conflitos em curso ajudem a direcionar uma trajetória mais equitativa e inclusiva para a inteligência artificial e sua aplicação.

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